São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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Perspectiva de aumento afasta consumidor de gás

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Os consumidores já se retraíram diante da perspectiva de aumento do preço do gás boliviano: o número de agendamentos feitos pelas oficinas de conversões de veículos para o uso do GNV (Gás Natural Veicular) caiu em 30% desde o início da crise. A estimativa é do Comitê de GNV (Gás Natural Veicular) do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo).
São feitas mensalmente cerca 18 mil conversões -3.900 só em São Paulo. A frota de veículos movidos a GNV é de 1,2 milhão.
Segundo Rosalino Fernandes, coordenador do comitê, as oficinas especializadas estão atendendo normalmente os clientes que querem fazer a conversão na hora, mas caiu a procura pelo serviço pré-agendado em razão da crise com a Bolívia. "A Bolívia deu a sua contribuição, embora sazonalmente haja queda em maio por causa da redução dos preços do álcool com o final da entressafra da cana", disse.
Apesar do setor já sentir os efeitos da crise, Fernandes diz não acreditar em desabastecimento nem em aumento imediato ao consumidor, já que em muitos mercados os reajustes têm de ser concedidos pelas agências reguladoras estaduais.
Para Fernandes, o consumidor tem vantagem em abastecer com o GNV até que o produto alcance o mesmo nível de preço da gasolina e do álcool, apesar de ter de investir de R$ 2.500 a R$ 3.000 na conversão dos veículos. Isso porque os motores a GNV rendem mais -13 a 14 km por metro cúbico (igual a um litro), em média, contra de 7 a 8 km por litro de álcool e de 9 a 10 km da gasolina.
Pelos últimos dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o GNV custava, em média, R$ 1,262. O preço médio da gasolina era de R$ 2,578 e o do álcool, R$ 1,896.

Consumo industrial
Se para o uso veicular o GNV ainda é competitivo, o mesmo não ocorre no consumo industrial, mesmo antes do aumento de US$ 2 pretendido pela Bolívia.
Segundo cálculos do economista do Grupo de Economia da Energia da UFRJ Edmar de Almeida, o gás em São Paulo já custa quase o mesmo que o óleo combustível, substituto mais próximo do produto no uso industrial.
O preço do gás vendido pela Comgás varia de US$ 8 a US$ 15 por milhão de BTU de acordo com o volume adquirido pelo cliente. Convertendo o óleo combustível para a mesma unidade, seu preço fica em torno de US$ 12.
De acordo com Almeida, a maior parte das indústrias, porém, não tem como substituir o gás pelo óleo combustível, pois foram estimuladas no passado a converter seus equipamentos.
"A grande maioria das indústrias gastou dinheiro para passar a queimar gás e vai ter de continuar comprando gás. Não há alternativa", disse. Outro entrave é que existem restrições ambientais -especialmente na Grande São Paulo- para o uso de óleo combustível, diz Almeida.


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