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Perspectiva de aumento afasta consumidor de gás
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Os consumidores já se retraíram
diante da perspectiva de aumento
do preço do gás boliviano: o número de agendamentos feitos pelas oficinas de conversões de veículos para o uso do GNV (Gás Natural Veicular) caiu em 30% desde
o início da crise. A estimativa é do
Comitê de GNV (Gás Natural Veicular) do IBP (Instituto Brasileiro
de Petróleo).
São feitas mensalmente cerca 18
mil conversões -3.900 só em São
Paulo. A frota de veículos movidos a GNV é de 1,2 milhão.
Segundo Rosalino Fernandes,
coordenador do comitê, as oficinas especializadas estão atendendo normalmente os clientes que
querem fazer a conversão na hora, mas caiu a procura pelo serviço pré-agendado em razão da crise com a Bolívia. "A Bolívia deu a
sua contribuição, embora sazonalmente haja queda em maio
por causa da redução dos preços
do álcool com o final da entressafra da cana", disse.
Apesar do setor já sentir os efeitos da crise, Fernandes diz não
acreditar em desabastecimento
nem em aumento imediato ao
consumidor, já que em muitos
mercados os reajustes têm de ser
concedidos pelas agências reguladoras estaduais.
Para Fernandes, o consumidor
tem vantagem em abastecer com
o GNV até que o produto alcance
o mesmo nível de preço da gasolina e do álcool, apesar de ter de investir de R$ 2.500 a R$ 3.000 na
conversão dos veículos. Isso porque os motores a GNV rendem
mais -13 a 14 km por metro cúbico (igual a um litro), em média,
contra de 7 a 8 km por litro de álcool e de 9 a 10 km da gasolina.
Pelos últimos dados da ANP
(Agência Nacional do Petróleo), o
GNV custava, em média, R$ 1,262.
O preço médio da gasolina era de
R$ 2,578 e o do álcool, R$ 1,896.
Consumo industrial
Se para o uso veicular o GNV
ainda é competitivo, o mesmo
não ocorre no consumo industrial, mesmo antes do aumento de
US$ 2 pretendido pela Bolívia.
Segundo cálculos do economista do Grupo de Economia da
Energia da UFRJ Edmar de Almeida, o gás em São Paulo já custa
quase o mesmo que o óleo combustível, substituto mais próximo
do produto no uso industrial.
O preço do gás vendido pela
Comgás varia de US$ 8 a US$ 15
por milhão de BTU de acordo
com o volume adquirido pelo
cliente. Convertendo o óleo combustível para a mesma unidade,
seu preço fica em torno de US$ 12.
De acordo com Almeida, a
maior parte das indústrias, porém, não tem como substituir o
gás pelo óleo combustível, pois foram estimuladas no passado a
converter seus equipamentos.
"A grande maioria das indústrias gastou dinheiro para passar a
queimar gás e vai ter de continuar
comprando gás. Não há alternativa", disse. Outro entrave é que
existem restrições ambientais
-especialmente na Grande São
Paulo- para o uso de óleo combustível, diz Almeida.
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