São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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MERCADO FINANCEIRO

Soma é das aquisições dE BankBoston, Pactual e Amex; eram as oportunidades existentes, diz Febraban

Compras recentes de bancos superam US$ 5 bi

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

As últimas movimentações de compra de instituições no tabuleiro do setor bancário já somam mais de US$ 5 bilhões, com os negócios fechados desde abril. Mas, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), não caracterizam um processo de consolidação bancária.
BankBoston, comprado pelo Itaú por US$ 2,2 bilhões, Pactual, adquirido pelo UBS por US$ 2,6 bilhões, e Amex, pelo Bradesco por US$ 490 milhões eram "as oportunidades de negócios que havia no mercado", segundo Márcio Cypriano, presidente da Febraban. Trata-se, segundo ele, de um processo de busca de ganho de escala. "Do contrário, é difícil para um banco se manter competitivo", observa.
Cypriano, que também comanda o Bradesco, diz acreditar que "não há espaço para novas aquisições de bancos de investimento ou de varejo, mas apenas no nicho das financeiras, voltadas para o crédito ao consumidor". Segundo Cypriano, há uma demanda represada por crédito no país que deve vir à tona quando cair o desemprego e aumentar a renda. E as instituições estrangeiras têm interesse nesse segmento.
É na área de crédito que analistas de mercado dizem que há instituições à venda. "No chamado "varejão", segmento que opera com crédito direto ao consumidor, há sempre bancos na "prateleira", como o Panamericano. O problema é o preço", diz Ricardo Baldim, sócio da PriceWaterhouseeCoopers. Outro segmento, segundo ele, é a área de gestão de recursos ("asset management") onde há um volume razoável de empresas com bons profissionais.
O setor bancário brasileiro já é bastante concentrado, segundo Cypriano, com metade dos ativos nas mãos dos dois grandes bancos públicos -Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. A outra metade dos ativos, em poder do setor privado, está 30% com os bancos nacionais e 20% com os estrangeiros.

"Ninguém quer vender"
Entre os bancos de investimento, com a aquisição do Pactual não restam outras instituições de porte; nos de varejo não há outras oportunidades -ninguém quer vender, diz Cypriano.
O Unibanco, que, segundo analistas de mercado, seria o mais forte candidato a trocar de mãos, não está à venda. "O Pedro [Moreira Salles, controlador do banco], não vende", diz Cypriano. No mercado, entretanto, sobem as apostas de que o banco da família Moreira Salles não resistiria ao assédio dos bancos internacionais.
"A questão não é o dono querer vender e, sim, o grande interesse do capital estrangeiro pelo país", observa João Augusto Salles, economista da consultoria Lopes Filho. Segundo ele, os candidatos a comprar o Unibanco seriam o Citibank e o HSBC, que têm planos de expandir as atividades no país.
O Citi, na opinião de Cypriano, "perdeu o "timing'" do processo de fusões e aquisições que nos últimos 30 anos varreu o setor. "Dos 200 grandes bancos que existia, sobraram Bradesco, Itaú, Unibanco e Safra", diz Cypriano. "O Citi está há 80 anos no país, e nesse período perdeu algumas oportunidades de negócio como o Mercantil de São Paulo e o BCN."
Já o HSBC não cogita fazer aquisições, apesar de a matriz estar insatisfeita com o porte da operação local, segundo Hélio Duarte, diretor da instituição.
"Queremos ser maiores no Brasil, mas não estamos comprando ninguém", afirma Duarte.


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