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MERCADO FINANCEIRO
Soma é das aquisições dE BankBoston, Pactual e Amex; eram as oportunidades existentes, diz Febraban
Compras recentes de bancos superam US$ 5 bi
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
As últimas movimentações de
compra de instituições no tabuleiro do setor bancário já somam
mais de US$ 5 bilhões, com os negócios fechados desde abril. Mas,
segundo a Febraban (Federação
Brasileira de Bancos), não caracterizam um processo de consolidação bancária.
BankBoston, comprado pelo
Itaú por US$ 2,2 bilhões, Pactual,
adquirido pelo UBS por US$ 2,6
bilhões, e Amex, pelo Bradesco
por US$ 490 milhões eram "as
oportunidades de negócios que
havia no mercado", segundo
Márcio Cypriano, presidente da
Febraban. Trata-se, segundo ele,
de um processo de busca de ganho de escala. "Do contrário, é difícil para um banco se manter
competitivo", observa.
Cypriano, que também comanda o Bradesco, diz acreditar que
"não há espaço para novas aquisições de bancos de investimento
ou de varejo, mas apenas no nicho
das financeiras, voltadas para o
crédito ao consumidor". Segundo
Cypriano, há uma demanda represada por crédito no país que
deve vir à tona quando cair o desemprego e aumentar a renda. E
as instituições estrangeiras têm
interesse nesse segmento.
É na área de crédito que analistas de mercado dizem que há instituições à venda. "No chamado
"varejão", segmento que opera
com crédito direto ao consumidor, há sempre bancos na "prateleira", como o Panamericano. O
problema é o preço", diz Ricardo
Baldim, sócio da PriceWaterhouseeCoopers. Outro segmento, segundo ele, é a área de gestão de recursos ("asset management") onde há um volume razoável de empresas com bons profissionais.
O setor bancário brasileiro já é
bastante concentrado, segundo
Cypriano, com metade dos ativos
nas mãos dos dois grandes bancos públicos -Banco do Brasil e
Caixa Econômica Federal. A outra metade dos ativos, em poder
do setor privado, está 30% com os
bancos nacionais e 20% com os
estrangeiros.
"Ninguém quer vender"
Entre os bancos de investimento, com a aquisição do Pactual
não restam outras instituições de
porte; nos de varejo não há outras
oportunidades -ninguém quer
vender, diz Cypriano.
O Unibanco, que, segundo analistas de mercado, seria o mais
forte candidato a trocar de mãos,
não está à venda. "O Pedro [Moreira Salles, controlador do banco], não vende", diz Cypriano. No
mercado, entretanto, sobem as
apostas de que o banco da família
Moreira Salles não resistiria ao assédio dos bancos internacionais.
"A questão não é o dono querer
vender e, sim, o grande interesse
do capital estrangeiro pelo país",
observa João Augusto Salles, economista da consultoria Lopes Filho. Segundo ele, os candidatos a
comprar o Unibanco seriam o Citibank e o HSBC, que têm planos
de expandir as atividades no país.
O Citi, na opinião de Cypriano,
"perdeu o "timing'" do processo
de fusões e aquisições que nos últimos 30 anos varreu o setor. "Dos
200 grandes bancos que existia,
sobraram Bradesco, Itaú, Unibanco e Safra", diz Cypriano. "O
Citi está há 80 anos no país, e nesse período perdeu algumas oportunidades de negócio como o
Mercantil de São Paulo e o BCN."
Já o HSBC não cogita fazer aquisições, apesar de a matriz estar insatisfeita com o porte da operação
local, segundo Hélio Duarte, diretor da instituição.
"Queremos ser maiores no Brasil, mas não estamos comprando
ninguém", afirma Duarte.
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