São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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CUT marca passeata e Força quer greve

DA REPORTAGEM LOCAL

DA FOLHA ONLINE

Os metalúrgicos do ABC (CUT) fazem na próxima semana passeata em São Bernardo do Campo envolvendo as famílias dos trabalhadores da Volkswagen para chamar a atenção do governo para a situação da empresa, que vai se reestruturar no Brasil.
"A chance de uma greve no país é de 99,99%. Quando a empresa ameaça demitir para obter vantagens, tem de ser combatida", disse José Lopez Feijóo, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que retornou ontem da Alemanha, onde participou de encontro mundial de trabalhadores.
A Força Sindical, que representa os metalúrgicos de São José dos Pinhais (PR), vai propor um dia de paralisação "já" nas cinco fábricas da Volks no país. As confederações dos metalúrgicos (da CUT e Força) se reunirão amanhã para discutir o que fazer.
Os protestos são uma reação dos trabalhadores à demissão de 5.773 metalúrgicos, em um prazo de dois anos, das unidades da Volks em São Bernardo, Taubaté e São José dos Pinhais, como parte da reestruturação da empresa.
A Volks não confirma o número, mas admite que pretende cortar custos e benefícios dos 21,5 mil empregados no Brasil porque teve prejuízos com suas exportações, afetadas pela desvalorização do dólar em relação ao real.
Para Feijóo, a empresa faz "chantagem social" com os trabalhadores. "Não podemos entrar nesse jogo. É hora de dizer basta, porque as ameaças ocorrem no mundo todo." A montadora não comentou suas declarações.
Na reunião na Alemanha, com representantes dos trabalhadores de 44 unidades da VW em 22 países, Feijóo propôs ações em conjunto. "Conversei com líderes do comitê e do IG Metall [representação sindical na Alemanha], que mostraram disposição em discutir ações em conjunto."
Ele retornou antes do fim do encontro mundial, que ocorre até amanhã. Mas sindicalistas brasileiros permanecem na Alemanha encarregados de tentar marcar uma paralisação em várias fábricas do mundo -ou nas principais afetadas pela reestruturação: na Alemanha, onde a VW quer cortar 20 mil, e na Espanha.
Os trabalhadores devem fazer ainda um "dia de luto", quando todos usarão faixas pretas em protesto à crise na montadora.
Eleno José Bezerra, presidente da confederação dos metalúrgicos da Força, defende que os trabalhadores brasileiros cruzem os braços na próxima semana.
"Não sabemos se por um dia ou dois. Mas é importante marcar nosso protesto contra a reestruturação." Ele quer que os sindicalistas se reúnam com os governadores Roberto Requião (PR) e Claudio Lembo (SP), além da direção do BNDES, para que ajudem a impedir as demissões. (CR e KC)


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