São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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CRÉDITO

Banco inicia acerto de débitos vencidos no ano passado, a maioria pertencente a agricultores de Mato Grosso e de Goiás

BB começa a renegociar dívida de produtores

FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil já começou a renegociar dívidas de produtores rurais vencidas no ano passado. O vice-presidente de Agronegócios do banco, Ricardo Conceição, disse que grande parte dos débitos se refere ao custeio e pertence a cerca de mil agricultores de Mato Grosso e de Goiás.
"Produtores que não pagaram em 2005 englobam pouco mais de R$ 1 bilhão. O banco estudará caso a caso", afirmou Conceição.
A negociação é para prorrogar os débitos já vencidos para prazos de um a cinco anos, com juros anuais de 14% a 20%. "Essa taxa é muito melhor do que a encontrada no mercado privado."
Ao negociar com os inadimplentes, o governo atende parte dos produtores que não poderiam ser beneficiados com a primeira parte do pacote de auxílio à agricultura. No mês passado, foi anunciada a liberação de R$ 16,8 bilhões, entre aporte de novos recursos, prorrogação de dívidas e recursos alocados por bancos.
Somente poderiam ter acesso às novas linhas de crédito ou prorrogar suas dívidas os agricultores com as contas em dia.
Embora o BB tenha anunciado ontem que está colocando em prática parte do pacote anunciado no mês passado, as medidas estruturais, prometidas para o início deste mês, ainda estão sendo aguardadas. Entre as medidas em estudo pelo governo estão a diminuição da carga tributária para o setor e a redução da alíquota de importação para um menor custo de produção.
O anúncio do BB acontece no momento em que crescem as manifestações de produtores contrários às políticas agrícola e econômica do governo federal.
Os protestos, com bloqueio de rodovias, aconteceram nos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Goiás e no Nordeste.
Ricardo Conceição considera que a situação é transitória. "Não tenho dúvida da retomada do processo do crescimento do agronegócio brasileiro."
A oposição diz que a prorrogação apenas empurra o problema para depois e que são necessárias medidas para que os produtores consigam recompor suas rendas.
O governo estima que o setor agrícola sofreu perda de R$ 30 bilhões nos últimos dois anos.


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