São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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CRISE NO AR

Recursos não serão dados diretamente à companhia, mas a um investidor interessado em repassá-los à aérea

BNDES pode antecipar US$ 167 mi para Varig

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pode liberar até US$ 167 milhões (cerca de R$ 345 milhões) em um empréstimo-ponte para a Varig.
Os recursos não serão dados diretamente à companhia aérea, e sim a um investidor interessado em repassá-los para a Varig. A companhia aérea precisa de recursos para atravessar os próximos 60 dias, quando será realizado um leilão de venda de parte de seus ativos.
O banco pode financiar até dois terços do valor total do empréstimo-ponte, limitado a US$ 250 milhões (R$ 515 milhões).
"O valor total do empréstimo-ponte deverá ser negociado entre os gestores da Varig e os investidores interessados", informou o banco em comunicado.
A participação do BNDES foi apontada por credores e analistas do setor como o principal sinal de credibilidade da operação de venda de parte da Varig.
Até a assembléia de credores, realizada na terça-feira no Rio, a expectativa era de que esse empréstimo fosse de US$ 100 milhões, mas em nota oficial o banco diz que pode financiar até dois terços de US$ 250 milhões, o equivalente a US$ 167 milhões.

Carta de fiança
Os investidores interessados em oferecer o empréstimo deverão ser pré-qualificados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e atender aos critérios do BNDES. Em razão da urgência da Varig para obter os recursos, o banco vai exigir carta de fiança bancária equivalente ao montante a ser concedido.
Caso mais de um investidor atenda às condições, o valor do financiamento será rateado proporcionalmente às propostas individuais aprovadas para os diferentes investidores. Só serão consideradas propostas formalizadas até a próxima segunda-feira. O empréstimo-ponte vence na data do leilão.
De acordo com a Varig, caso o interessado em oferecer o empréstimo não seja o vencedor do leilão, a companhia deverá remunerá-lo com 200% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, que acompanha a taxa básica de juros definida pelo Banco Central). Se vencer o leilão, o investidor que antecipou os recursos só precisará complementar o valor da oferta.

Leilão
Mergulhada em dívidas, a Varig aprovou em assembléia, na terça-feira, uma proposta da companhia e dos funcionários representados pelo TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) de venda de uma parcela da empresa em leilão.
O mercado vai decidir o que quer comprar. No primeiro modelo de venda, o investidor pode comprar a Varig Operações, que reúne linhas domésticas e internacionais e está livre de dívidas. O lance mínimo é de US$ 860 milhões.
Como contrapartida, o investidor precisará assinar uma cláusula de fiança em que assume o pagamento do passivo do Aerus, fundo de pensão dos funcionários, caso a parcela da empresa que continua em recuperação judicial não honre a dívida.
No segundo modelo, será ofertada a Varig Regional, que inclui as linhas domésticas da companhia e que não carrega as dívidas da empresa, estimadas em R$ 7 bilhões.
Para Paulo Sampaio, consultor de aviação, ainda existem dúvidas em relação à realização do leilão, principalmente no que se refere à participação do BNDES e à hipótese de financiamento de até 50% do valor da operação.
Segundo Sampaio, o banco deveria entrar como acionista minoritário nos mesmos moldes do que fez na Brasil Ferrovias. "A posição do BNDES precisa ser esclarecida. Se o BNDESPar capitalizou a Brasil Ferrovias não seria o caso de fazer a mesma coisa na Varig? Isso daria credibilidade ao leilão", afirmou.
Com as duas hipóteses de venda da companhia, a ASM Asset Management, interessada em participar por meio de um consórcio, ainda analisa qual é a melhor opção. "As duas opções são interessantes, mas estamos avaliando o risco jurídico da compra da parte operacional", disse.
O presidente da OceanAir, Carlos Ebner, confirmou o interesse da empresa em participar do leilão, mas disse que ainda não definiu qual é o melhor modelo.


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