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CRISE NO AR
Recursos não serão dados diretamente à companhia, mas a um investidor interessado em repassá-los à aérea
BNDES pode antecipar US$ 167 mi para Varig
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) pode liberar até US$ 167
milhões (cerca de R$ 345 milhões)
em um empréstimo-ponte para a
Varig.
Os recursos não serão dados diretamente à companhia aérea, e
sim a um investidor interessado
em repassá-los para a Varig. A
companhia aérea precisa de recursos para atravessar os próximos 60 dias, quando será realizado um leilão de venda de parte de
seus ativos.
O banco pode financiar até dois
terços do valor total do empréstimo-ponte, limitado a US$ 250 milhões (R$ 515 milhões).
"O valor total do empréstimo-ponte deverá ser negociado entre
os gestores da Varig e os investidores interessados", informou o
banco em comunicado.
A participação do BNDES foi
apontada por credores e analistas
do setor como o principal sinal de
credibilidade da operação de venda de parte da Varig.
Até a assembléia de credores,
realizada na terça-feira no Rio, a
expectativa era de que esse empréstimo fosse de US$ 100 milhões, mas em nota oficial o banco
diz que pode financiar até dois
terços de US$ 250 milhões, o equivalente a US$ 167 milhões.
Carta de fiança
Os investidores interessados em
oferecer o empréstimo deverão
ser pré-qualificados pela Anac
(Agência Nacional de Aviação Civil) e atender aos critérios do
BNDES. Em razão da urgência da
Varig para obter os recursos, o
banco vai exigir carta de fiança
bancária equivalente ao montante
a ser concedido.
Caso mais de um investidor
atenda às condições, o valor do financiamento será rateado proporcionalmente às propostas individuais aprovadas para os diferentes investidores. Só serão consideradas propostas formalizadas
até a próxima segunda-feira. O
empréstimo-ponte vence na data
do leilão.
De acordo com a Varig, caso o
interessado em oferecer o empréstimo não seja o vencedor do
leilão, a companhia deverá remunerá-lo com 200% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário,
que acompanha a taxa básica de
juros definida pelo Banco Central). Se vencer o leilão, o investidor que antecipou os recursos só
precisará complementar o valor
da oferta.
Leilão
Mergulhada em dívidas, a Varig
aprovou em assembléia, na terça-feira, uma proposta da companhia e dos funcionários representados pelo TGV (Trabalhadores
do Grupo Varig) de venda de uma
parcela da empresa em leilão.
O mercado vai decidir o que
quer comprar. No primeiro modelo de venda, o investidor pode
comprar a Varig Operações, que
reúne linhas domésticas e internacionais e está livre de dívidas. O
lance mínimo é de US$ 860 milhões.
Como contrapartida, o investidor precisará assinar uma cláusula de fiança em que assume o pagamento do passivo do Aerus,
fundo de pensão dos funcionários, caso a parcela da empresa
que continua em recuperação judicial não honre a dívida.
No segundo modelo, será ofertada a Varig Regional, que inclui
as linhas domésticas da companhia e que não carrega as dívidas
da empresa, estimadas em R$ 7
bilhões.
Para Paulo Sampaio, consultor
de aviação, ainda existem dúvidas
em relação à realização do leilão,
principalmente no que se refere à
participação do BNDES e à hipótese de financiamento de até 50%
do valor da operação.
Segundo Sampaio, o banco deveria entrar como acionista minoritário nos mesmos moldes do
que fez na Brasil Ferrovias. "A posição do BNDES precisa ser esclarecida. Se o BNDESPar capitalizou a Brasil Ferrovias não seria o
caso de fazer a mesma coisa na
Varig? Isso daria credibilidade ao
leilão", afirmou.
Com as duas hipóteses de venda
da companhia, a ASM Asset Management, interessada em participar por meio de um consórcio,
ainda analisa qual é a melhor opção. "As duas opções são interessantes, mas estamos avaliando o
risco jurídico da compra da parte
operacional", disse.
O presidente da OceanAir, Carlos Ebner, confirmou o interesse
da empresa em participar do leilão, mas disse que ainda não definiu qual é o melhor modelo.
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