São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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TENSÃO ENTRE VIZINHOS

Cúpula alternativa da UE-AL/Caribe convida apenas os presidentes da Venezuela e da Bolívia

Esquerda chama Evo e Chávez, mas não Lula

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A VIENA

O Luiz Inácio Lula da Silva que desembarca no fim da tarde em Viena não é mais o primeiro presidente que parecia de esquerda, uma espécie de precursor da suposta onda que se alastrou depois pela América Latina.
Ao contrário, está fora da foto da cúpula alternativa ao encontro de governantes da União Européia-América Latina/Caribe, motivo da viagem de Lula.
Para a cúpula alternativa, foram convidados apenas os presidentes Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia), além do chanceler cubano, Felipe Ramón Pérez Roque. Falam sábado e recebem o documento da cúpula alternativa.
"Foi uma decisão política do grupo [que promove a cúpula alternativa]. Não houve consenso para convidar nenhum outro presidente", explica Alexandra Strickner, que fala em nome de duas das ONGs que estão na linha de frente do Fórum Social Mundial, o encontro do que chegou a se chamar de "povo de Porto Alegre".
Ela é do Attac, originalmente francês, hoje em 33 países, que luta por um imposto planetário sobre transações financeiras, cuja receita financiaria o combate à pobreza, e do Instituto para Agricultura e Política Comercial (Estados Unidos), uma voz alternativa à do agronegócio.
Sobre o motivo pelo qual não houve consenso para colocar Lula na foto da esquerda, Strickner é bem específica: "Lula não faz uma política econômica que seja considerada progressista".
Reforça um antigo companheiro de viagem de Lula, o ideólogo do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João Pedro Stédile: "Foram chamados governantes que representem políticas antineoliberais e antiimperalistas. Lula não é visto como quem adota tais políticas". Mas Stédile apressa-se a acrescentar: "Antineoliberais e antiimperalistas, mas não anticapitalistas".
Na porta de entrada da Kongress Haus de Viena, um dos QGs da cúpula alternativa, dois cartazes parecem desmenti-lo: num, a efígie de Lênin enfeita uma louvação à moda antiga ao Partido Comunista, como "vanguarda" do proletariado. No outro, Che Guevara, morto em outubro de 1969, aparece sorrindo.


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