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TENSÃO ENTRE VIZINHOS
Cúpula alternativa da UE-AL/Caribe convida apenas os presidentes da Venezuela e da Bolívia
Esquerda chama Evo e Chávez, mas não Lula
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A VIENA
O Luiz Inácio Lula da Silva que
desembarca no fim da tarde em
Viena não é mais o primeiro presidente que parecia de esquerda,
uma espécie de precursor da suposta onda que se alastrou depois
pela América Latina.
Ao contrário, está fora da foto
da cúpula alternativa ao encontro
de governantes da União Européia-América Latina/Caribe, motivo da viagem de Lula.
Para a cúpula alternativa, foram
convidados apenas os presidentes
Hugo Chávez (Venezuela) e Evo
Morales (Bolívia), além do chanceler cubano, Felipe Ramón Pérez
Roque. Falam sábado e recebem o
documento da cúpula alternativa.
"Foi uma decisão política do
grupo [que promove a cúpula alternativa]. Não houve consenso
para convidar nenhum outro presidente", explica Alexandra
Strickner, que fala em nome de
duas das ONGs que estão na linha
de frente do Fórum Social Mundial, o encontro do que chegou a
se chamar de "povo de Porto Alegre".
Ela é do Attac, originalmente
francês, hoje em 33 países, que luta por um imposto planetário sobre transações financeiras, cuja
receita financiaria o combate à
pobreza, e do Instituto para Agricultura e Política Comercial (Estados Unidos), uma voz alternativa
à do agronegócio.
Sobre o motivo pelo qual não
houve consenso para colocar Lula
na foto da esquerda, Strickner é
bem específica: "Lula não faz uma
política econômica que seja considerada progressista".
Reforça um antigo companheiro de viagem de Lula, o ideólogo
do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), João
Pedro Stédile: "Foram chamados
governantes que representem políticas antineoliberais e antiimperalistas. Lula não é visto como
quem adota tais políticas". Mas
Stédile apressa-se a acrescentar:
"Antineoliberais e antiimperalistas, mas não anticapitalistas".
Na porta de entrada da Kongress Haus de Viena, um dos QGs
da cúpula alternativa, dois cartazes parecem desmenti-lo: num, a
efígie de Lênin enfeita uma louvação à moda antiga ao Partido Comunista, como "vanguarda" do
proletariado. No outro, Che Guevara, morto em outubro de 1969,
aparece sorrindo.
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