São Paulo, quinta-feira, 11 de maio de 2006

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PREÇOS

Taxa medida pelo IPCA até abril foi de 4,63%, próxima do centro da meta de 4,50% do Banco Central para 2006

Inflação em 12 meses é a menor desde 99

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar dos sinais de cautela do BC (Banco Central), a inflação caminha para alcançar o centro da meta do governo. Com a alta de 0,21% em abril, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumulado em 12 meses ficou em 4,63%. É a menor marca desde julho de 1999 (4,57%) e está muito próxima do objetivo central do BC (4,50%) para este ano. Em março, o IPCA foi de 0,43%.
O resultado de IPCA de abril, no entanto, ficou abaixo das expectativas de mercado -0,35%- e registrou a menor taxa desde junho do ano passado (deflação de 0,02%). O índice surpreendeu positivamente e especialistas acreditam que em sua próxima reunião (30 e 31 deste mês) o Copom (Comitê de Política Monetária) ainda reduzirá o juro básico em 0,75 ponto percentual. Na última reunião, a taxa Selic caiu de 16,50% para 15,75% ao ano.
Em sua última ata, divulgada no final de abril, o Copom indicou que a política monetária seria conduzida com mais "parcimônia", fazendo o mercado prever cortes menores na taxa de juro.
O conteúdo da ata detonou uma crise nos bastidores entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega -para quem os juros devem cair com mais força-, e o presidente do BC, Henrique Meirelles. Em entrevista à Folha, Mantega condicionou o bom relacionamento com o BC à queda dos juros.
Por trás da queda da inflação neste ano está a desvalorização do dólar e os menores reajustes de tarifas públicas em razão de indexadores (IGPs) mais baixos no ano passado. "O efeito do câmbio, que permeia todo o IPCA, e o menor impacto das tarifas estão fazendo o índice em 12 meses convergir para índices cada vez menores", disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Em abril, o efeito do câmbio foi notado nos preços dos alimentos, que registraram deflação de 0,27%. No ano, a retração chega a 0,69%. Também sob impacto do dólar menos valorizado, em abril caíram os preços dos artigos de TV, som e informática (1,26%) e eletrodomésticos (1,06%).
Para Carlos Thadeu de Freitas, economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ, "o cenário é bastante benigno", com a retomada das atividades, mas num nível que não gera risco inflacionário. Ele acredita que o Copom reduzirá a taxa em 0,75 ponto.
A economista Marcela Prada, da Tendências, também diz que o IPCA ficou abaixo das expectativas e que o BC falou em "parcimônia" apenas para "preparar o terreno" para as reuniões do segundo semestre, quando os juros devem cair menos.
Para 2006, o Grupo de Conjuntura da UFRJ projeta 4,3% para o IPCA. Neste mês a taxa deve ficar em 0,17%, prevê a instituição.

Combustíveis
Iniciada a safra da cana-de-açúcar, cedeu a pressão sobre os preços do álcool, que subiram por nove meses consecutivos até março -alta acumulada de 58,76% no período. O álcool registrou queda de 0,11% em abril.
A gasolina também caiu em abril -0,09%- sob efeito indireto da redução do preço do álcool e da menor proporção da mistura do combustível em sua composição -de 25% para 20%.
Entre os alimentos, o destaque ficou com o frango, cujos preços caíram 5,93% ainda devido à menor demanda mundial por causa da gripe aviária. Produtos influenciados pelo câmbio como bacalhau, café, óleo de soja e macarrão também baixaram.
Por outro lado, os remédios subiram 2,03% em abril, representando a maior contribuição positiva (0,08 ponto percentual) no IPCA. Com peso de 0,06 ponto percentual no IPCA, a energia elétrica subiu 1,23% em abril.

IGP-DI
A inflação medida pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) registrou alta de 0,02% em abril, após dois meses seguidos de deflação. A aceleração foi causada pelo recuo menor dos preços de produtos agrícolas, principalmente commodities como soja, café, milho e trigo.
A taxa acumulada em 12 meses registrou deflação de 0,77%.
Os preços no município de São Paulo abriram maio com ligeira alta de 0,08%. O dado se refere à pesquisa de preços feita na primeira quadrissemana deste mês e divulgada ontem pela Fipe.


Colaboraram Janaina Lage, da Sucursal do Rio, e a Folha Online


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