|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PREÇOS
Taxa medida pelo IPCA até abril foi de 4,63%, próxima do centro da meta de 4,50% do Banco Central para 2006
Inflação em 12 meses é a menor desde 99
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar dos sinais de cautela do
BC (Banco Central), a inflação caminha para alcançar o centro da
meta do governo. Com a alta de
0,21% em abril, o IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo)
acumulado em 12 meses ficou em
4,63%. É a menor marca desde julho de 1999 (4,57%) e está muito
próxima do objetivo central do
BC (4,50%) para este ano. Em
março, o IPCA foi de 0,43%.
O resultado de IPCA de abril, no
entanto, ficou abaixo das expectativas de mercado -0,35%- e registrou a menor taxa desde junho
do ano passado (deflação de
0,02%). O índice surpreendeu positivamente e especialistas acreditam que em sua próxima reunião
(30 e 31 deste mês) o Copom (Comitê de Política Monetária) ainda
reduzirá o juro básico em 0,75
ponto percentual. Na última reunião, a taxa Selic caiu de 16,50%
para 15,75% ao ano.
Em sua última ata, divulgada no
final de abril, o Copom indicou
que a política monetária seria
conduzida com mais "parcimônia", fazendo o mercado prever
cortes menores na taxa de juro.
O conteúdo da ata detonou uma
crise nos bastidores entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega
-para quem os juros devem cair
com mais força-, e o presidente
do BC, Henrique Meirelles. Em
entrevista à Folha, Mantega condicionou o bom relacionamento
com o BC à queda dos juros.
Por trás da queda da inflação
neste ano está a desvalorização do
dólar e os menores reajustes de tarifas públicas em razão de indexadores (IGPs) mais baixos no ano
passado. "O efeito do câmbio, que
permeia todo o IPCA, e o menor
impacto das tarifas estão fazendo
o índice em 12 meses convergir
para índices cada vez menores",
disse Eulina Nunes dos Santos,
coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Em abril, o efeito do câmbio foi
notado nos preços dos alimentos,
que registraram deflação de
0,27%. No ano, a retração chega a
0,69%. Também sob impacto do
dólar menos valorizado, em abril
caíram os preços dos artigos de
TV, som e informática (1,26%) e
eletrodomésticos (1,06%).
Para Carlos Thadeu de Freitas,
economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ, "o cenário é bastante benigno", com a retomada das
atividades, mas num nível que
não gera risco inflacionário. Ele
acredita que o Copom reduzirá a
taxa em 0,75 ponto.
A economista Marcela Prada,
da Tendências, também diz que o
IPCA ficou abaixo das expectativas e que o BC falou em "parcimônia" apenas para "preparar o
terreno" para as reuniões do segundo semestre, quando os juros
devem cair menos.
Para 2006, o Grupo de Conjuntura da UFRJ projeta 4,3% para o
IPCA. Neste mês a taxa deve ficar
em 0,17%, prevê a instituição.
Combustíveis
Iniciada a safra da cana-de-açúcar, cedeu a pressão sobre os preços do álcool, que subiram por
nove meses consecutivos até março -alta acumulada de 58,76%
no período. O álcool registrou
queda de 0,11% em abril.
A gasolina também caiu em
abril -0,09%- sob efeito indireto da redução do preço do álcool e
da menor proporção da mistura
do combustível em sua composição -de 25% para 20%.
Entre os alimentos, o destaque
ficou com o frango, cujos preços
caíram 5,93% ainda devido à menor demanda mundial por causa
da gripe aviária. Produtos influenciados pelo câmbio como
bacalhau, café, óleo de soja e macarrão também baixaram.
Por outro lado, os remédios subiram 2,03% em abril, representando a maior contribuição positiva (0,08 ponto percentual) no
IPCA. Com peso de 0,06 ponto
percentual no IPCA, a energia elétrica subiu 1,23% em abril.
IGP-DI
A inflação medida pelo IGP-DI
(Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna) registrou alta de
0,02% em abril, após dois meses
seguidos de deflação. A aceleração foi causada pelo recuo menor
dos preços de produtos agrícolas,
principalmente commodities como soja, café, milho e trigo.
A taxa acumulada em 12 meses
registrou deflação de 0,77%.
Os preços no município de São
Paulo abriram maio com ligeira
alta de 0,08%. O dado se refere à
pesquisa de preços feita na primeira quadrissemana deste mês e
divulgada ontem pela Fipe.
Colaboraram Janaina Lage,
da Sucursal do Rio, e a Folha Online
Texto Anterior: Crise venceu a esperança, diz Stédile sobre Lula Próximo Texto: Conjuntura: Tráfego em estradas mostra queda na atividade da indústria em abril Índice
|