São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Mantega fica "satisfeito" com nova avaliação

Para ministro, elevação da nota de risco atribuída ao Brasil significa reconhecimento de que o país está cada vez melhor

Mantega diz que o real apenas acompanha um movimento mundial de desvalorização do dólar; BC manterá compras da moeda


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, se disse "muito satisfeito" com a decisão da agência de classificação de risco Fitch de elevar a nota atribuída ao Brasil.
"Estamos a apenas um degrau do "grau de investimento". Isso significa um reconhecimento de que o Brasil está cada vez melhor", disse.
Mantega afirmou ainda que, mesmo sem a nota de "grau de investimento", o país já sente os efeitos da maior confiança dos mercados financeiros.
"As empresas brasileiras já conseguem recursos mais baratos lá fora, o governo consegue rolar a dívida externa a taxas menores, e evidentemente isso atrai investimento estrangeiro, investimento de qualidade", disse o ministro.
Outra vantagem é conseguir empréstimos a juros mais baixos, como o que o Brasil conseguiu ontem, com juros 8,9% ao ano, em títulos em reais lançados na Europa e nos Estados Unidos (leia texto na pág. B7).
Mantega também relativizou o impacto que essa maior confiança dos investidores pode ter na taxa de câmbio, já que, em tese, uma melhora na nota atribuída ao Brasil ajuda a atrair mais capital externo para o país. Segundo o ministro, o real apenas acompanha um movimento mundial de desvalorização do dólar.
"É o chamado "preço do sucesso". Esse fenômeno não se dá só com o Brasil. Há uma melhora no quadro econômico-financeiro de vários países. Se olharmos os países mais pobres, todos eles estão atraindo investidores e estão tendo uma certa valorização cambial."
Nesse cenário de maior fluxo de divisas, Mantega disse que o Banco Central continuará com as compras de dólares para reforçar as reservas internacionais do país -entre janeiro e abril, já foram adquiridos cerca de US$ 33,9 bilhões.
Ele ressaltou ainda que não há limites para essas intervenções. "O céu é o limite", afirmou o ministro.
Na semana passada, segundo o dado mais recente divulgado pelo Banco Central, as reservas internacionais estavam em US$ 122,389 bilhões.

Mais dólares
"Outra vez, deve vir mais dólar", disse o secretário do Tesouro Nacional, Tarcísio Godoy, ao anunciar a decisão da Fitch durante exposição à Comissão de Orçamento do Congresso. Godoy respondia a um parlamentar que reclamava do câmbio desfavorável atualmente para as empresas.
O secretário argumentou que a valorização do real é resultado não apenas dos juros altos como também dos "bons fundamentos" da economia brasileira -logo, segundo seu raciocínio, a melhora da nota de classificação de risco do país terá o efeito de atrair mais divisas internacionais ao Brasil.
Após a audiência, falando com jornalistas, Godoy evitou explicitar a previsão de mais apreciação cambial.
"[A decisão da Fitch] melhora o ambiente para o investimento direto", disse. "Não posso achar ruim se a gente virar "grau de investimento"."


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