São Paulo, sexta-feira, 11 de maio de 2007

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Situação de trabalhadoras negras melhorou, diz OIT

Estudo aponta crescimento do emprego e da renda nessa categoria no país desde 1995

Entidade também alerta para a persistência de outras formas de discriminação no mundo, como contra gays, imigrantes, obesos e idosos


CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O relatório sobre Discriminação no Mundo do Trabalho divulgado ontem pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) aponta uma melhora no ritmo de crescimento da taxa de emprego e renda das mulheres negras brasileiras, o grupo mais vulnerável do país. Por outro lado, a OIT registrou a persistência de formas não tradicionais de discriminação no trabalho no mundo, como contra homossexuais, imigrantes, obesos, idosos, jovens e portadores do vírus da Aids.
No Brasil, em 1995, 74,9% dos homens brancos estavam empregados e, em 2005, eram 73,3%. Entre os homens negros, esse índice passou de 75,7% para 73,4% no mesmo período. O aumento foi maior para as mulheres. Em 1995, 48,1% das brancas estavam empregadas e em 2005 eram 53%. No caso das negras, o percentual subiu de 48,2% para 52,7%.
Na avaliação da OIT, isso se deve à recuperação do salário mínimo e à formalização do trabalho no Brasil nos últimos anos. Como a maior parte desse segmento recebe salário mínimo, de acordo com a OIT, o impacto é maior nos segmentos menos favorecidos da sociedade, o que explica o aumento maior no crescimento.
Esse resultado não significa, porém, que a qualidade de vida das mulheres trabalhadoras, principalmente as negras, tenha alcançado a dos homens e brancos. No Brasil, a média de remuneração das mulheres negras equivale a cerca de 50% da dos homens brancos, apesar dos avanços da última década.
Em 1995, a média salarial dos homens brancos era de R$ 715 e caiu para R$ 632, e das mulheres brancas foi de R$ 447 para R$ 474. No caso dos homens negros, a média dos salários subiu de R$ 402 para R$ 421. As mulheres negras, com salários menores, tiveram maior ganho. Saíram de média salarial de R$ 223 para R$ 316 em 205.
"A discriminação por gênero é a mais ampla e afeta praticamente a todos os países e representa um custo para a sociedade por causa do desperdício de talento e potencialidade, que debilita a coesão social e conseqüentemente a democracia", disse a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo.

Discriminação
Para ela, a discriminação por gênero, classe econômica, raça e religião são antigas, mas o trabalha da OIT nos últimos anos detectou o que chama de "novas formas de discriminação".
O relatório não traz números comparativos nem levantamentos globais, mas aponta situações consideradas preocupantes em vários países. Por exemplo, na Europa os romenos, cerca de 10 milhões de pessoas, são a maior minoria étnica. O emprego entre eles varia entre 50% e 90% por serem considerados ciganos.
Outro grupo afetado são os jovens. Em 2005, eram 44% do total da população mundial sem emprego. O relatório afirma que na América Latina os povos indígenas têm mais chance de conseguir trabalhos informais do que formais.
Na África, a participação das mulheres na força de trabalho diminuiu 1,6% na última década. Por outro lado, o número de mulheres com empregos não agrícolas cresceu 3,5%.
A América do Norte é a região que mais absorve as mulheres no mercado de trabalho, 68,8% contra 62% na Europa e 49,2% na América Latina.


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