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Situação de trabalhadoras negras melhorou, diz OIT
Estudo aponta crescimento do emprego e da renda nessa categoria no país desde 1995
Entidade também alerta para a persistência de outras formas de discriminação no mundo, como contra gays, imigrantes, obesos e idosos
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório sobre Discriminação no Mundo do Trabalho
divulgado ontem pela OIT (Organização Internacional do
Trabalho) aponta uma melhora
no ritmo de crescimento da taxa de emprego e renda das mulheres negras brasileiras, o grupo mais vulnerável do país. Por
outro lado, a OIT registrou a
persistência de formas não tradicionais de discriminação no
trabalho no mundo, como contra homossexuais, imigrantes,
obesos, idosos, jovens e portadores do vírus da Aids.
No Brasil, em 1995, 74,9%
dos homens brancos estavam
empregados e, em 2005, eram
73,3%. Entre os homens negros, esse índice passou de
75,7% para 73,4% no mesmo
período. O aumento foi maior
para as mulheres. Em 1995,
48,1% das brancas estavam empregadas e em 2005 eram 53%.
No caso das negras, o percentual subiu de 48,2% para 52,7%.
Na avaliação da OIT, isso se
deve à recuperação do salário
mínimo e à formalização do
trabalho no Brasil nos últimos
anos. Como a maior parte desse
segmento recebe salário mínimo, de acordo com a OIT, o impacto é maior nos segmentos
menos favorecidos da sociedade, o que explica o aumento
maior no crescimento.
Esse resultado não significa,
porém, que a qualidade de vida
das mulheres trabalhadoras,
principalmente as negras, tenha alcançado a dos homens e
brancos. No Brasil, a média de
remuneração das mulheres negras equivale a cerca de 50% da
dos homens brancos, apesar
dos avanços da última década.
Em 1995, a média salarial dos
homens brancos era de R$ 715 e
caiu para R$ 632, e das mulheres brancas foi de R$ 447 para
R$ 474. No caso dos homens
negros, a média dos salários subiu de R$ 402 para R$ 421. As
mulheres negras, com salários
menores, tiveram maior ganho.
Saíram de média salarial de R$
223 para R$ 316 em 205.
"A discriminação por gênero
é a mais ampla e afeta praticamente a todos os países e representa um custo para a sociedade por causa do desperdício de
talento e potencialidade, que
debilita a coesão social e conseqüentemente a democracia",
disse a diretora da OIT no Brasil, Laís Abramo.
Discriminação
Para ela, a discriminação por
gênero, classe econômica, raça
e religião são antigas, mas o trabalha da OIT nos últimos anos
detectou o que chama de "novas formas de discriminação".
O relatório não traz números
comparativos nem levantamentos globais, mas aponta situações consideradas preocupantes em vários países. Por
exemplo, na Europa os romenos, cerca de 10 milhões de pessoas, são a maior minoria étnica. O emprego entre eles varia
entre 50% e 90% por serem
considerados ciganos.
Outro grupo afetado são os
jovens. Em 2005, eram 44% do
total da população mundial
sem emprego. O relatório afirma que na América Latina os
povos indígenas têm mais
chance de conseguir trabalhos
informais do que formais.
Na África, a participação das
mulheres na força de trabalho
diminuiu 1,6% na última década. Por outro lado, o número de
mulheres com empregos não
agrícolas cresceu 3,5%.
A América do Norte é a região que mais absorve as mulheres no mercado de trabalho,
68,8% contra 62% na Europa e
49,2% na América Latina.
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