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Governo elabora estratégia para atrair mais empresas chinesas
Pelo menos 10 das 200 maiores companhias da China atuam hoje no Brasil
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos 10 das 200 maiores empresas chinesas atuam
hoje no Brasil, segundo ranking
inédito da Fundação Dom Cabral. O número é considerado
incipiente. A expectativa é de
aumento, diante dos planos do
governo chinês de investir US$
100 bilhões nos próximos quatro anos na América Latina.
De olho nesses recursos, cinco vezes mais do que tudo o que
a China investiu na região até
hoje, o governo decidiu elaborar estratégia para tentar atrair
mais investimentos chineses.
"Vamos estimular a vinda de
mais empresas chinesas, para
gerar maior valor agregado a
produtos brasileiros exportados para o gigante asiático",
afirma José Mauro Couto, assessor internacional do Ministério do Desenvolvimento.
Professor da Fundação Dom
Cabral e responsável pelo ranking dos "200 Dragões Chineses", Carlos Arruda diz que o
"fator-chave para a atração
dessas empresas são negociações bilaterais com a China".
A lista da Dom Cabral mostra
que a Sinopec, a maior empresa
chinesa, já opera no Brasil. O
Bank of China também, mas,
por enquanto, apenas com escritório comercial.
Segundo Arruda, o Brasil é
um parceiro estratégico para os
chineses pelo fornecimento de
matérias-primas, como minério de ferro, e de alimentos, caso da soja. O governo brasileiro
quer atrair investimentos para
processar esses produtos aqui.
É o caso, por exemplo, da associação entre a chinesa Baosteel e a Vale para a montagem
de uma siderúrgica no Espírito
Santo, um investimento programado de US$ 5 bilhões, o
maior já feito no Brasil por uma
empresa da China.
Juntar interesses
A parceria junta o interesse
chinês, em transferir para outros países empresas que consomem muita energia, diante
do surgimento de gargalos por
conta do crescimento acelerado, e o brasileiro, que, em vez de
vender minério de ferro, poderá comercializar aço, ganhando
mais com as exportações.
O déficit na balança comercial do Brasil com a China também explica a busca de atrair
empresas chinesas. Do déficit
comercial de US$ 1,87 bilhão no
ano passado, a previsão para
2008 é que a conta fique negativa em mais de US$ 6 bilhões.
Até março deste ano estava deficitária em US$ 2 bilhões.
Daí que o governo não quer
apenas atrair empresas, mas
também aumentar as exportações para a China. Do total exportado para o gigante asiático,
nada menos do que 75% são de
matérias-primas. De tudo que o
Brasil importa dos chineses,
cerca de 75% são de insumos
industriais e maquinários.
Na estratégia do Ministério
do Desenvolvimento, a intenção é aumentar as exportações
de manufaturados para a China. Mas aí o país enfrenta a baixa competitividade em relação
aos produtos chineses.
Nesse setor, o governo chinês
não tem muito interesse em
instalar empresas aqui. Ainda é
mais barato produzir lá e exportar, diante do elevado "custo Brasil". As poucas empresas
chinesas no país reclamam desses custos, como a Gree, fabricante de condicionadores de ar.
A prioridade do governo chinês está em incentivar a ampliação de suas empresas de
consumo intenso de energia fora do país. "Aí faz todo sentido
eles virem para cá, temos potencial energético, não poluente", diz Couto.
Na lista dos setores em que o
governo espera atrair empresas
chinesas para o Brasil estão minério de ferro, soja, couros e autopeças. Em junho, será realizado um seminário na China
com esse objetivo.
Secretário-executivo do
Conselho Empresarial Brasil/
China, Rodrigo Maciel diz que
"o movimento de vinda de chineses para o Brasil ainda é muito tímido", mas afirma que há
um potencial a ser explorado
nos próximos anos.
O investimento chinês no
Brasil, apesar de crescente, ainda deixa a desejar. De US$
28,08 milhões em 2001, atingiu
US$ 71 milhões em 2006, crescimento anual de 20,1% no período. Mas ainda é pequeno, se
comparado aos US$ 22 bilhões
de investimento estrangeiro direto no país em 2006.
O movimento inverso é mais
forte. Os investimentos brasileiros na China passaram de
US$ 15 milhões em 2001 para
US$ 240 milhões em 2006.
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