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Economistas duvidam da eficácia do plano
Para Roubini, exigência de austeridade fiscal e aumento de impostos podem travar o crescimento dos países socorridos
Mohamed El-Erian, da Pimco, questiona como pacote será operacionalizado; injeção de liquidez, em vez de promover ajustes, pode protelá-los
Nikolas Giakoumidis/Associated Press
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PERSONAGEM DA CRISE
Vira-lata na linha de frente de protesto em Atenas, na última quarta; cachorro, afirma "The Guardian", é presença constante nas manifestações gregas antiarrocho e já ganhou perfil no Facebook (jornal britânico chama-o de Kanellos; "El País", de Lukánikos)
DA REDAÇÃO
As medidas adotadas para
conter a crise da dívida soberana na Europa deixam questões
"em aberto", reagiram ontem
economistas.
Para Nouriel Roubini, professor da Universidade de Nova
York, os líderes europeus ainda
enfrentarão muitas dificuldades, como uma pressão deflacionária crescente.
"Apesar de o dinheiro estar
disponível agora sobre a mesa,
todo o montante é condicionado aos países que fazem ajustes
fiscais e reformas estruturais",
disse ontem à Bloomberg.
"Se eles vão conseguir realizá-los na velocidade suficiente,
é uma questão em aberto."
Apesar de o pacote de empréstimos bilionário e sem precedentes, acordado entre os governos dos 16 países da zona do
euro e o FMI, ter acalmado os
mercados ontem, ele requer
austeridade fiscal e aumento de
impostos, o que pode amortecer o crescimento e possivelmente estender a dificuldade
econômica, afirmou Roubini.
"A curto prazo, aumentar tributos e cortar gastos implicará
mais recessão e mais pressão
deflacionária na zona do euro."
Grécia, Espanha, Portugal,
Itália, Irlanda e outros países
da zona do euro terão de lutar
para cumprir os requisitos fiscais e restaurar competitividade, após anos de apreciação do
euro que impulsionava o crescimento, disse o economista.
A habilidade dos membros da
zona do euro em agir, afirmou,
pode ser embaçada por tensões
domésticas -caso de Reino
Unido, Alemanha e Grécia.
Para Roubini, os líderes europeus perceberam que tinham
de entrar em sintonia com muito atraso. "Nos últimos meses, a
União Europeia olhava para
trás da curva, eles não conseguiam se sintonizar", disse.
"Agora, que estamos na beira
de um precipício, perceberam
que tinham de afinar recursos e
agir em conjunto, ou então o
risco era o colapso da zona do
euro, o colapso do euro."
Para Mohamed El-Erian,
presidente da Pimco, um dos
maiores fundos do mundo,
"muitas questões ainda precisam ser respondidas". Elas variam de operacionalização do
plano (como as propostas serão
aprovadas, financiadas e executadas) à conceitualização da
ajuda (o que significa para a integridade institucional).
Outra dúvida reside na efetividade do resgate. El-Erian
questiona se a injeção de liquidez será usada para apoiar uma
consolidação fiscal ou acabar
protelando os ajustes.
"A Europa fez muito mais do
que tomar uma atitude ousada;
ela levou tudo a nível completamente novo. Estamos agora em
mares nunca antes navegados
no que diz respeito a como isso
tudo vai impactar", escreveu no
jornal "Financial Times".
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