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CAPITALISMO VERMELHO
Medidas de desaquecimento começam a surtir efeito, e produção tem menor expansão desde janeiro
Indústria chinesa "esfria" e cresce 17,5%
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
A economia chinesa começa a
responder às medidas adotadas
pelo governo nos últimos dois
meses para conter a expansão do
PIB, que atingiu 9,8% no primeiro
trimestre. A produção industrial,
o volume de empréstimos e a
quantidade de dinheiro em circulação na economia cresceram em
maio a um ritmo menor que o de
meses anteriores.
A atividade industrial teve alta
de 17,5% em relação a igual período de 2003. O resultado é o menor
desde janeiro, mês em que os indicadores econômicos são tradicionalmente fracos em razão do
Ano Novo Chinês, que paralisa o
país por quase dez dias. Fevereiro
bateu o recorde do ano, com
23,2% de expansão, seguido de
março (19,4%) e abril (19,1%).
No Brasil, para efeito de comparação, a produção industrial cresceu 6,7% em abril sobre o mesmo
mês de 2003, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística). O melhor resultado
do ano foi registrado em março,
quando a produção cresceu 12,4%
sobre o mesmo período de 2003.
A chamada base monetária ampliada da China, que inclui o dinheiro em circulação e os depósitos bancários, também reduziu
seu crescimento, de 19,1% em
abril para 17,5% em maio, o menor índice em um ano e meio.
O volume de financiamento
concedido pelos bancos seguiu o
mesmo caminho. O salto total de
empréstimos em moeda local
atingiu 17 trilhões de yuans (US$
2 trilhões), 18,6% a mais do que
em igual período do ano passado,
mas 1,3% a menos do que o saldo
registrado no mês anterior.
Preocupado com o alto ritmo de
expansão do PIB, o governo chinês adotou uma série de medidas
administrativas e de política monetária a partir de abril para esfriar a atividade econômica. As
autoridades do país temem que o
crescimento não seja sustentável,
o que poderia levar a uma interrupção brusca da produção, em
razão do excesso de capacidade
-o chamado "hard-landing".
Compulsório
No início de abril, o Banco do
Povo (o banco central) elevou de
7% para 7,5% o depósito compulsório dos bancos -a quantia de
dinheiro que as instituições têm
de deixar imobilizada no banco
central. A medida tirou US$ 13 bilhões de circulação da economia e
reduziu o volume de recursos disponíveis para empréstimos.
O governo também determinou
a suspensão de financiamentos
para empresas de setores considerados superaquecidos, como aço,
e mandou paralisar vários projetos -da abertura de campos de
golfe à construção de shoppings.
Os indícios de esfriamento da
economia no mês passado reduzem a possibilidade de o BC vir a
aumentar os juros, inalterados há
quase uma década. O Comitê de
Política Monetária se reúne a cada
três meses -o próximo encontro
será em junho. O grupo não tem
poder de decisão e só sugere medidas de política monetária para o
Conselho de Estado, o principal
órgão executivo da China.
A meta de crescimento do PIB
estabelecida pelo governo para
2004 é de 7%, depois dos 9,1% registrados em 2003. Com o ritmo
de crescimento registrado no primeiro trimestre, de 9,8%, muitos
analistas acreditavam que o país
chegaria a meados do ano com
uma expansão de dois dígitos.
O volume de investimentos, um
dos principais motores do crescimento, diminuiu sua alta antes
mesmo de maio. Depois de aumentar 53% nos primeiros dois
meses do ano em relação a igual
período de 2003, o indicador caiu
para 47,8% de janeiro a março e
43% no período de janeiro a abril.
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