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Em Porto Alegre, vila com famílias de "varigueanos" faz torcida pela empresa
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Uma vila de 84 casas em
Porto Alegre, próxima ao município vizinho de Alvorada (a
20 km da capital), concentra
mais de 500 pessoas que se
definem como "varigueanos"
e que acompanham dia a dia
as notícias torcendo pela recuperação da empresa em
que trabalharam.
A Vila Varig foi inaugurada
pela fundação de funcionários da companhia aérea em
1957, oferecendo aos empregados -sem entrada e com
pagamento em várias prestações- casas com padrão de
classe média.
Hoje, a maioria de seus habitantes é formada por ex-funcionários, que mantêm
um forte vínculo sentimental
com a empresa.
"De manhã, a gente sai de
casa para comprar o pãozinho
e, antes de perguntar para o
vizinho como ele está, quer
saber: "Como é que está a nossa Varig?'", conta José Alves,
73, que trabalhou na empresa
como mecânico.
Ele comprou sua casa na
Vila Varig, onde vive até hoje,
em 1958, pagando em cem vezes. ""Critica-se o modelo de
gestão da Varig. Mas era tão
errado? Mesmo estando aposentados, muitos ainda vivemos em função dela. Quero
vê-la decolar."
Os moradores da Vila Varig
lembram dos benefícios subsidiados que recebiam da empresa -como a provisão mensal de supermercado entregue de casa em casa, o médico
que os visitava em caso de
doença, os remédios e até o
ônibus com refrigerantes e
salgadinhos que os levava para a praia- e que foram se
tornando cada vez mais escassos a partir do início da década de 90, com o agravamento da crise na companhia.
Os descendentes do comprador da terceira casa da vila, o estofador Emiliano Alves
Pinto (que já está morto), ainda moram no local. A casa
mantém há 49 anos a mesma
construção de madeira.
""A Varig significa muito
mais do que uma simples empresa. É mãe de todos nós e
um símbolo de todo o Brasil",
diz Samanta, 25, neta de Emiliano. ""Viemos para esta casa
a um custo muito baixo. Uma
empresa humana como essa
não pode ser simplesmente
falida", afirma Ivone, 69, filha
dele.
(LÉO GERCHMANN)
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