São Paulo, domingo, 11 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

[!] foco

Em Porto Alegre, vila com famílias de "varigueanos" faz torcida pela empresa

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Uma vila de 84 casas em Porto Alegre, próxima ao município vizinho de Alvorada (a 20 km da capital), concentra mais de 500 pessoas que se definem como "varigueanos" e que acompanham dia a dia as notícias torcendo pela recuperação da empresa em que trabalharam.
A Vila Varig foi inaugurada pela fundação de funcionários da companhia aérea em 1957, oferecendo aos empregados -sem entrada e com pagamento em várias prestações- casas com padrão de classe média.
Hoje, a maioria de seus habitantes é formada por ex-funcionários, que mantêm um forte vínculo sentimental com a empresa.
"De manhã, a gente sai de casa para comprar o pãozinho e, antes de perguntar para o vizinho como ele está, quer saber: "Como é que está a nossa Varig?'", conta José Alves, 73, que trabalhou na empresa como mecânico.
Ele comprou sua casa na Vila Varig, onde vive até hoje, em 1958, pagando em cem vezes. ""Critica-se o modelo de gestão da Varig. Mas era tão errado? Mesmo estando aposentados, muitos ainda vivemos em função dela. Quero vê-la decolar."
Os moradores da Vila Varig lembram dos benefícios subsidiados que recebiam da empresa -como a provisão mensal de supermercado entregue de casa em casa, o médico que os visitava em caso de doença, os remédios e até o ônibus com refrigerantes e salgadinhos que os levava para a praia- e que foram se tornando cada vez mais escassos a partir do início da década de 90, com o agravamento da crise na companhia.
Os descendentes do comprador da terceira casa da vila, o estofador Emiliano Alves Pinto (que já está morto), ainda moram no local. A casa mantém há 49 anos a mesma construção de madeira.
""A Varig significa muito mais do que uma simples empresa. É mãe de todos nós e um símbolo de todo o Brasil", diz Samanta, 25, neta de Emiliano. ""Viemos para esta casa a um custo muito baixo. Uma empresa humana como essa não pode ser simplesmente falida", afirma Ivone, 69, filha dele.
(LÉO GERCHMANN)


Texto Anterior: Sem a Varig, parte das rotas corre risco
Próximo Texto: Polêmico, juiz do caso Varig decidirá destino da empresa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.