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Sem a Varig, parte das rotas corre risco
Vôos internacionais, principalmente para a Europa, seriam os mais prejudicados com a ausência da companhia aérea
Justiça do Rio deve definir amanhã se será aceita a proposta de compra da empresa apresentada em leilão na última quinta
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em caso de colapso da Varig,
TAM e Gol passariam a voar
com 87% de seus assentos ocupados em média, uma taxa considerada alta. Para especialistas, os trechos mais demandados poderiam ficar muito congestionados no curto prazo.
A taxa de ocupação média das
três companhias em maio foi de
72%, segundo calcula o consultor do setor Paulo Sampaio. Ele
avalia que entre as rotas nas
quais pode haver problemas, se
a Varig parar, estão Congonhas/Curitiba e Congonhas/
Brasília, cujo percentual de
ocupação é maior.
"No caso da ponte aérea
Rio/São Paulo, por incrível que
pareça, não haveria muitos
problemas, pois é um trecho
em que a Varig está com uma
taxa de ocupação baixa", diz.
"Com certeza, haveria problemas em alguns trechos",
concorda o analista Carlos Albano, do Unibanco. "Agora, o
tempo e a intensidade do problema dependem do quão rápido as companhias conseguirão
colocar mais aviões nas rotas
sobrecarregadas."
De forma geral, entretanto, o
principal desafio não está nos
vôos domésticos, mas, sim, nos
internacionais, principalmente
nas linhas para a Europa. "Com
a Copa do Mundo, as férias de
julho e o câmbio favorável, seria um caos se a Varig parasse",
afirma Sampaio. Ele lembra
que as companhias aéreas européias estão com vôos lotados.
De acordo com o consultor,
em maio, a participação de
mercado da Varig caiu mais de
dois pontos percentuais ante
abril (de 16,5% para 14,3%). A
TAM subiu seu "market share"
de 44,3% para 46,3%, e a Gol, de
33,3% para 33,8%.
Amanhã, a Justiça do Rio de
Janeiro define o futuro da Varig. O juiz Luiz Roberto Ayoub,
da 8ª Vara Empresarial, que
cuida do caso, decidirá se aceita
ou não uma proposta do TGV
(Trabalhadores do Grupo Varig) para comprar a empresa.
A proposta foi a única apresentada no leilão da Varig da última quinta-feira. Mesmo assim, a Justiça fluminense já
acenou com a possibilidade de
receber novas propostas de
empresas que se cadastraram
no leilão mas não deram lances.
Entre as companhias aéreas,
a Ocean Air é a que está mais
disposta a, de fato, comprar a
Varig. É que, em caso de falência, a empresa teme ser prejudicada num eventual rateio das
rotas e slots (espaços nos aeroportos e horários), já que a Gol
e a TAM têm maior participação no mercado e vão disputar
uma redistribuição proporcional do espólio da Varig.
A empresa, no entanto, não
está disposta a pagar nem um
centavo a mais do que seu lance
máximo idealizado para o leilão
-US$ 150 milhões.
Em conversas reservadas, o
controlador da companhia,
German Efromovich, diz que a
cada dia a Varig perde "milhões" de seu valor e que, se tivesse obtido sucesso na investida de comprar a companhia em
fevereiro, quando formalizou
sua proposta inicial, poderia ter
desembolsado um valor maior.
Dinheiro, para a Ocean Air,
não é problema. Ela faz parte
do grupo Sinergy, que controla
a empresa de exploração e produção de petróleo e prestação
de serviços Marítima. A Folha
apurou que a Ocean Air estaria
insatisfeita com a suposta pressão de outras concorrentes para que a Varig vá à falência e o
governo redistribua suas linhas
de modo proporcional.
Neste ano, depois que a Varig
abandonou algumas rotas no
Rio Grande do Sul, a Ocean Air
se credenciou a operá-las, mas
não foi autorizada pela Anac.
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