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Escritórios "trocam" fórum por consultoria
Empresas de advocacia aproveitam crescimento da economia para avançar em áreas como abertura de capital e fusões e aquisições
Boa parte dos advogados
não freqüenta tribunais há
décadas; escritórios criam
áreas de negócios e migram
para regiões nobres de SP
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pode parecer estranho, mas,
nos maiores escritórios de advocacia do país, grande parte
dos advogados não pisa num fórum há anos. Em alguns casos,
há décadas.
Graças ao aquecimento da
economia, ao fortalecimento
do mercado de capitais e à sofisticação dos negócios, as firmas estão se transformando
em verdadeiras consultorias,
em vez de atuarem apenas como prestadores de serviços jurídicos em áreas contenciosas.
"Se até alguns anos o advogado entrava em cena apenas para resolver conflitos, há pouco
tempo os empresários passaram a vê-lo como verdadeiro
conselheiro", afirma Rogério
Lessa, diretor-geral da Demarest & Almeida Advogados.
Lessa é um dos que não pisam
em cortes há mais de 20 anos.
Exemplos de mudança na
atuação de escritórios são consultoria jurídica em abertura
de capital e fusões e aquisições.
O movimento se intensificou
nos últimos 18 meses e provocou mudanças profundas nos
escritórios. Até um ano atrás,
por exemplo, a maioria deles se
localizava no centro de São
Paulo, onde está boa parte dos
tribunais. Nos últimos meses,
no entanto, as firmas se mudaram para grandes sedes, próximas às regiões onde estão empresas e bancos.
Longe do centro
Para citar apenas alguns
exemplos, o Demarest & Almeida ocupa os escritórios do
Instituto Tomie Ohtake, e o Pinheiro Neto Advogados, o edifício onde ficava o Banco Santos,
ambos no bairro de Pinheiros.
Já o TozziniFreire Advogados está hoje no lugar onde funcionava a agência de propaganda Publicis, na Vila Mariana.
Detalhe: manteve o desenho de
agência, com andares abertos,
sem salas fechadas até para a
diretoria e tem monitores mostrando notícias.
Além da mudança física,
muitas firmas também criaram
departamentos específicos para as áreas nas quais atuam, como agronegócio, telecomunicação, seguros, imobiliária e
mercado de capitais.
"Além de conhecer o Direito,
o advogado tem de entender
também o negócio do cliente",
diz Ricardo Ariani, presidente
do TozziniFreire Advogados.
"Não há como prestar um bom
serviço sem conhecer os jargões de cada indústria."
Segundo especialistas, a
transformação tende a crescer,
além de resultar numa mudança profunda do Judiciário.
"A tendência é a de incremento do direito consultivo e
da arbitragem", diz José Eduardo Faria, professor de filosofia
e teoria geral do Direito da
USP. "Os escritórios estão
anos-luz à frente do Judiciário,
e as empresas precisam dessa
rapidez no mundo global."
Graças às mudanças pelas
quais passaram, os escritórios
brasileiros não foram adquiridos por outras firmas internacionais, como em outros países.
Mesmo assim, cinco grandes
escritórios americanos e ingleses se associaram a empresas
locais atrás de negócios.
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