São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 2009

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Juros bancários caem mais para consumidor

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A queda na taxa Selic desde janeiro tem se refletido de formas diferentes no custo do crédito. Na média, o maior impacto ocorreu nos financiamentos para pessoas físicas, segmento em que os juros cobrados pelos bancos caíram numa velocidade superior à dos cortes do BC.
Neste ano, até a primeira quinzena de maio, a taxa Selic -usada nas operações de curto prazo entre BC e bancos- recuou em 3,5 pontos, passando de 13,75% ao ano para 10,25%. No período, a taxa média para pessoas físicas recuou dez pontos percentuais, de 57,9% ao ano para 47,9%, segundo o BC.
Proporcionalmente, a Selic caiu mais que os juros bancários: a queda de 3,75 pontos corresponde a uma redução de 25%, enquanto a queda no custo dos empréstimos foi de 17%. Em termos nominais, porém, a situação é inversa.
Não há dados mais detalhados sobre o custo dos financiamentos de maio até hoje, mas as estatísticas entre janeiro e abril mostram que a queda nos juros para pessoas físicas ocorreu em todas as modalidades.
No primeiro quadrimestre, a taxa do crediário (para bens como móveis e eletrodomésticos) caiu de 73,8% ao ano para 60,4%. No crédito pessoal, foi de 60,4% para 48,8%.
O movimento pode ser explicado pela maneira como a crise financeira afetou, de formas diferentes, os bancos. De forma geral, os grandes sofreram menos, pois conseguiram contornar melhor a desconfiança dos investidores e continuaram a captar dinheiro no mercado.
Como é dos grandes bancos que vem a maior parte do crédito para pessoas físicas, a concorrência ficou um pouco mais acirrada: com clientes mais receosos em se endividar por causa da crise, eles têm optado por cortar juros e aumentar prazos.
Para empresas, o cenário é diferente. Nesse segmento -especialmente companhias de pequeno e médio porte-, boa parte dos financiamentos é oferecida por bancos menores, mais atingidos na crise. Assim, os juros médios para as empresas têm caído pouco. Até a primeira metade de maio, passou de 30,7% para 28,8%, menos do que a Selic no período.
Os números ajudam a explicar o comportamento do PIB no primeiro trimestre, em que a forte queda nos investimentos -reforçada pela dificuldade de crédito das empresas- foi, em parte, compensada pela recuperação no consumo das famílias, mercado em que o crédito não caiu tanto.


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