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Apesar da ajuda, montadoras cortam 5.500 vagas
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
A indústria automotiva brasileira continuou demitindo
nos primeiros cinco meses de
2009, apesar da ajuda dada pelo
governo ao setor por meio da
redução do IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados).
De acordo com a Anfavea
(Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as montadoras cortaram
5.500 empregos entre janeiro e
maio. Desde o agravamento da
crise financeira internacional,
já são 11,3 mil dispensas no setor. Em outubro, a indústria automotiva empregava 131,7 mil
pessoas. Hoje, são 120,4 mil
-nível semelhante ao registrado em dezembro de 2007.
A Anfavea não soube informar quantos dos demitidos
eram funcionários contratados
por prazo determinado, cujos
contratos foram rescindidos ou
deixaram de ser renovados. A
Folha apurou em sindicatos
que eles são pelo menos 2.900.
O governo anunciou a redução do IPI no início de dezembro. A medida, que levou as
montadoras a baixar os preços
dos veículos, tinha como objetivo reaquecer a demanda por
veículos depois da queda nas
vendas provocada pela dificuldade dos consumidores em
conseguir financiamentos -reflexo da crise financeira.
Embora as montadoras não
tenham ficado impedidas de
demitir, a expectativa anunciada pelo governo com a ajuda era
preservar empregos no setor.
Com a redução do IPI, o governo federal deixará de recolher R$ 1,08 bilhão em 2009.
Além disso, o governo injetou,
por meio do Banco do Brasil,
R$ 4 bilhões nos bancos das
montadoras para impulsionar
o financiamento de veículos.
As medidas tiveram impacto
imediato nas vendas de veículos no mercado interno. Entre
janeiro e maio, foi licenciado
1,15 milhão de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), resultado 0,1%
inferior ao verificado em 2008.
Em março, o setor registrou
o melhor resultado, com a venda de 271,49 mil veículos, 17%
mais que em igual período de
2008. O primeiro trimestre
também foi o melhor da história para o setor, com o emplacamento de 668,3 mil veículos.
Mas a produção acumulada
entre janeiro e maio é 14,2%
menor que a de igual período de
2008. No entanto os números
mostram expansão ao longo
desses cinco meses: em janeiro
foram produzidos 185 mil veículos; em maio, 270,2 mil.
Em nota, a Anfavea diz que a
redução do IPI contribuiu para
a recuperação das vendas, mas
que o incentivo não foi suficiente para aquecer a procura
por caminhões e ônibus. Segundo a entidade, esse é um dos
fatores que levaram à manutenção das demissões. O outro
é a queda nas exportações.
"O segmento de veículos comerciais [caminhões e ônibus]
continua fortemente afetado
por quedas de vendas internas,
não se apresentando até o momento perspectivas de retomada a curto prazo. O mercado interno de caminhões caiu cerca
de 20% no período de janeiro a
maio. De outra parte, há queda
acentuada também nas exportações automotivas, com redução de cerca de 50% no período", diz a nota da Anfavea.
Colaborou DIMITRI DO VALLE,
da Agência Folha, em Curitiba
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