São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 2009

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Apesar da ajuda, montadoras cortam 5.500 vagas

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

A indústria automotiva brasileira continuou demitindo nos primeiros cinco meses de 2009, apesar da ajuda dada pelo governo ao setor por meio da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
De acordo com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), as montadoras cortaram 5.500 empregos entre janeiro e maio. Desde o agravamento da crise financeira internacional, já são 11,3 mil dispensas no setor. Em outubro, a indústria automotiva empregava 131,7 mil pessoas. Hoje, são 120,4 mil -nível semelhante ao registrado em dezembro de 2007.
A Anfavea não soube informar quantos dos demitidos eram funcionários contratados por prazo determinado, cujos contratos foram rescindidos ou deixaram de ser renovados. A Folha apurou em sindicatos que eles são pelo menos 2.900.
O governo anunciou a redução do IPI no início de dezembro. A medida, que levou as montadoras a baixar os preços dos veículos, tinha como objetivo reaquecer a demanda por veículos depois da queda nas vendas provocada pela dificuldade dos consumidores em conseguir financiamentos -reflexo da crise financeira.
Embora as montadoras não tenham ficado impedidas de demitir, a expectativa anunciada pelo governo com a ajuda era preservar empregos no setor.
Com a redução do IPI, o governo federal deixará de recolher R$ 1,08 bilhão em 2009. Além disso, o governo injetou, por meio do Banco do Brasil, R$ 4 bilhões nos bancos das montadoras para impulsionar o financiamento de veículos.
As medidas tiveram impacto imediato nas vendas de veículos no mercado interno. Entre janeiro e maio, foi licenciado 1,15 milhão de veículos (automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus), resultado 0,1% inferior ao verificado em 2008.
Em março, o setor registrou o melhor resultado, com a venda de 271,49 mil veículos, 17% mais que em igual período de 2008. O primeiro trimestre também foi o melhor da história para o setor, com o emplacamento de 668,3 mil veículos.
Mas a produção acumulada entre janeiro e maio é 14,2% menor que a de igual período de 2008. No entanto os números mostram expansão ao longo desses cinco meses: em janeiro foram produzidos 185 mil veículos; em maio, 270,2 mil.
Em nota, a Anfavea diz que a redução do IPI contribuiu para a recuperação das vendas, mas que o incentivo não foi suficiente para aquecer a procura por caminhões e ônibus. Segundo a entidade, esse é um dos fatores que levaram à manutenção das demissões. O outro é a queda nas exportações.
"O segmento de veículos comerciais [caminhões e ônibus] continua fortemente afetado por quedas de vendas internas, não se apresentando até o momento perspectivas de retomada a curto prazo. O mercado interno de caminhões caiu cerca de 20% no período de janeiro a maio. De outra parte, há queda acentuada também nas exportações automotivas, com redução de cerca de 50% no período", diz a nota da Anfavea.


Colaborou DIMITRI DO VALLE, da Agência Folha, em Curitiba


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