São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 2009

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Demissões em rede de frigoríficos já chegam a 7.700

Em recuperação judicial, Independência anunciou fechamento de 3 unidades e 1.100 cortes ontem

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

A rede de frigoríficos Independência anunciou ontem o fechamento definitivo de três unidades em Mato Grosso e o fim das atividades de abate, desossa e logística na unidade de Nova Andradina, em Mato Grosso do Sul. Segundo a empresa, 1.100 trabalhadores destas unidades serão demitidos.
"Cada unidade permanecerá com um mínimo de colaboradores necessário para segurança e manutenção do ativo", diz comunicado ao mercado.
Em fevereiro, a empresa -uma das maiores exportadoras de carne bovina do Brasil- anunciou a suspensão dos abates em suas dez unidades no país, em razão de "falta de fluxo de caixa". No início de março, ingressou na Justiça com um pedido de recuperação judicial.
À ocasião, a empresa justificou a medida como forma de preservar o caixa necessário para dar continuidade às suas operações, diante das mudanças nos mercados global e brasileiro de carne bovina.
Fundada em 1977 no município de Santana do Parnaíba (SP) por Antônio Russo Netto, a rede Independência alcançou em 2008 a capacidade de abater 10.800 cabeças por dia, com plantas de abate e desossa em sete Estados e no Paraguai. O grupo ainda abrange curtumes, fábricas de charque e unidades de produção de biodiesel.
Os fechamentos anunciados ontem, afirma a empresa, são parte de um programa de "ajuste das operações à realidade do mercado atual".
Das dez unidades fechadas em fevereiro, apenas as plantas de Janaúba (MG) e Rolim de Moura (RO) reabriram as portas. Contabilizando os desligamentos anunciados ontem, a empresa já demitiu 7.700 trabalhadores desde janeiro -em dezembro de 2008, o total de contratados era superior a 11 mil. Foi uma das empresas brasileiras que mais demitiu desde o início da crise internacional.

Crise
Dados da balança comercial do agronegócio, divulgados pelo Ministério da Agricultura, mostram que a crise afetou duramente o mercado de carnes para exportação no país.
De janeiro a maio deste ano, a receita das exportações do segmento atingiu US$ 4,41 bilhões -ante US$ 5,65 bilhões no mesmo período em 2008, queda de 21%. No caso das carnes in natura, a queda foi de 32,1%.
À queda na demanda dos principais clientes seguiu-se o excesso de oferta e a consequente queda dos preços no mercado. A falta de capital de giro teve efeitos no campo: animais na escala de abate foram devolvidos e pecuaristas sofreram calote da indústria.
Mário Cândia, presidente da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), disse lamentar o fechamento das unidades do Independência, mas que a "preocupação é com o produtor". "As plantas já estavam paradas e não vamos deixar nenhuma indústria voltar a funcionar sem antes quitar as dívidas com os produtores."


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