São Paulo, quinta-feira, 11 de junho de 2009

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Aliança de Fiat e Chrysler cria 6ª maior fabricante mundial

Italiana terá participação de 20% na nova empresa, que fabricará carros pequenos

Com a operação, parte da Chrysler sai da concordata, após 42 dias de processo, mas ativos indesejados vão seguir sob proteção judicial

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

A italiana Fiat formalizou ontem o acordo para a aquisição de ativos da Chrysler. A operação viabiliza a sobrevivência da montadora americana, que havia entrado em concordata no dia 30 de abril.
O fechamento do acordo é um passo decisivo nos planos da Fiat de criar uma nova montadora global em meio ao cenário de crise no setor. A empresa italiana não entrará com dinheiro na operação, mas se comprometeu a transferir tecnologia para a fabricação de automóveis de pequeno porte.
A união das montadoras gera o sexto maior fabricante mundial, com vendas combinadas de 4,5 milhões de veículos, segundo dados de 2008.
A italiana terá participação de 20% na nova empresa, denominada Chrysler Group LLC. O principal acionista será a Associação de Benefícios Médicos dos Trabalhadores Automotivos Aposentados, com 55% de participação. O governo dos EUA terá 8%, o do Canadá, 2%.
A Fiat poderá aumentar sua participação para 35%, desde que sejam alcançadas metas definidas no acordo e que os empréstimos dos governos americano e canadense sejam liquidados. Fábricas indesejadas e dívidas ficaram para trás e continuarão em concordata.
O governo americano já liberou US$ 6,6 bilhões para garantir a sobrevivência da empresa. A velocidade com que o plano de recuperação da Chrysler tramitou na Justiça foi apontada como uma vitória para o governo Barack Obama, que tenta recuperar o setor. O processo de concordata durou 42 dias -os ativos que não fazem parte da nova Chrysler, contudo, permanecem em concordata.
Apesar do portfólio diferente de produtos, a operação poderia representar um primeiro modelo de solução para a General Motors, que entrou em concordata no dia 1º.
Um dos últimos obstáculos para o fechamento do acordo foi removido na noite de terça-feira, quando a Suprema Corte liberou a venda. A operação havia sido interrompida quando fundos de pensão de Indiana e grupos de consumidores questionaram a venda na Justiça.

Gestão italiana
A nova Chrysler será administrada pela Fiat. O presidente-executivo da empresa italiana, Sergio Marchionne, ocupará o mesmo cargo na Chrysler Group LLC. "Nós agora pretendemos estabelecer um novo paradigma sobre como as companhias automotivas podem operar lucrativamente", afirmou.
A empresa terá um conselho de diretores com nove membros, formado por três diretores indicados pela Fiat, entre eles Marchionne, quatro nomeados pelo governo americano, um indicado pelo governo canadense e um designado pelo acionista majoritário, a associação de trabalhadores.
A solução para a Chrysler não deverá ocorrer, no entanto, de uma hora para a outra. "Infelizmente, a transferência de tecnologia para a produção de um veículo na América do Norte levará ao menos 18 meses. Nesse processo, será necessário levar em conta também a cotação do euro em relação ao dólar", afirmou à Folha Michael Robinet, vice-presidente de previsões globais de veículos da consultoria CSM Worldwide, especializada no setor automotivo.
Na avaliação de Robinet, a operação representa também um risco para a Fiat. "Eles estão concentrando suas energias no mercado norte-americano. Não vão colocar dinheiro, mas sim recursos e tecnologia."
A Fiat afirma que as operações suspensas da Chrysler serão retomadas em breve e que o trabalho focará a fabricação de veículos eficientes no consumo de combustíveis e menos poluidores. No mês passado, as vendas de veículos da Chrysler caíram 46,3% na comparação com igual mês de 2008.


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