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Aliança de Fiat e Chrysler cria 6ª maior fabricante mundial
Italiana terá participação de 20% na nova empresa, que fabricará carros pequenos
Com a operação, parte da Chrysler sai da concordata, após 42 dias de processo, mas ativos indesejados vão seguir sob proteção judicial
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
A italiana Fiat formalizou
ontem o acordo para a aquisição de ativos da Chrysler. A
operação viabiliza a sobrevivência da montadora americana, que havia entrado em concordata no dia 30 de abril.
O fechamento do acordo é
um passo decisivo nos planos
da Fiat de criar uma nova montadora global em meio ao cenário de crise no setor. A empresa
italiana não entrará com dinheiro na operação, mas se
comprometeu a transferir tecnologia para a fabricação de automóveis de pequeno porte.
A união das montadoras gera
o sexto maior fabricante mundial, com vendas combinadas
de 4,5 milhões de veículos, segundo dados de 2008.
A italiana terá participação
de 20% na nova empresa, denominada Chrysler Group LLC. O
principal acionista será a Associação de Benefícios Médicos
dos Trabalhadores Automotivos Aposentados, com 55% de
participação. O governo dos
EUA terá 8%, o do Canadá, 2%.
A Fiat poderá aumentar sua
participação para 35%, desde
que sejam alcançadas metas
definidas no acordo e que os
empréstimos dos governos
americano e canadense sejam
liquidados. Fábricas indesejadas e dívidas ficaram para trás e
continuarão em concordata.
O governo americano já liberou US$ 6,6 bilhões para garantir a sobrevivência da empresa.
A velocidade com que o plano
de recuperação da Chrysler tramitou na Justiça foi apontada
como uma vitória para o governo Barack Obama, que tenta recuperar o setor. O processo de
concordata durou 42 dias -os
ativos que não fazem parte da
nova Chrysler, contudo, permanecem em concordata.
Apesar do portfólio diferente
de produtos, a operação poderia representar um primeiro
modelo de solução para a General Motors, que entrou em concordata no dia 1º.
Um dos últimos obstáculos
para o fechamento do acordo
foi removido na noite de terça-feira, quando a Suprema Corte
liberou a venda. A operação havia sido interrompida quando
fundos de pensão de Indiana e
grupos de consumidores questionaram a venda na Justiça.
Gestão italiana
A nova Chrysler será administrada pela Fiat. O presidente-executivo da empresa italiana, Sergio Marchionne, ocupará o mesmo cargo na Chrysler
Group LLC. "Nós agora pretendemos estabelecer um novo paradigma sobre como as companhias automotivas podem operar lucrativamente", afirmou.
A empresa terá um conselho
de diretores com nove membros, formado por três diretores indicados pela Fiat, entre
eles Marchionne, quatro nomeados pelo governo americano, um indicado pelo governo
canadense e um designado pelo
acionista majoritário, a associação de trabalhadores.
A solução para a Chrysler não
deverá ocorrer, no entanto, de
uma hora para a outra. "Infelizmente, a transferência de tecnologia para a produção de um
veículo na América do Norte levará ao menos 18 meses. Nesse
processo, será necessário levar
em conta também a cotação do
euro em relação ao dólar", afirmou à Folha Michael Robinet,
vice-presidente de previsões
globais de veículos da consultoria CSM Worldwide, especializada no setor automotivo.
Na avaliação de Robinet, a
operação representa também
um risco para a Fiat. "Eles estão concentrando suas energias no mercado norte-americano. Não vão colocar dinheiro,
mas sim recursos e tecnologia."
A Fiat afirma que as operações suspensas da Chrysler serão retomadas em breve e que
o trabalho focará a fabricação
de veículos eficientes no consumo de combustíveis e menos
poluidores. No mês passado, as
vendas de veículos da Chrysler
caíram 46,3% na comparação
com igual mês de 2008.
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