São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002

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FRAUDES DO CAPITAL

Segundo maior grupo de mídia do planeta pode ficar sem caixa para pagar dívidas; ação cai 7%

França vai investigar as contas da Vivendi

DA REDAÇÃO

A crise no grupo franco-americano Vivendi Universal, o segundo maior conglomerado de mídia do planeta, agravou-se ainda mais ontem depois que autoridades francesas revelaram que vão investigar a contabilidade da empresa. Serão analistas as contas dos últimos 18 meses.
A Bolsa de Paris foi atingida pelos problemas da Vivendi e caiu 4,26%. A crise das corporações norte-americanas também ajudou a derrubar as Bolsas européias. Frankfurt caiu 4,1%, e Londres, 2,7%.
Agentes da COB (Commission des Opérations de Bourse) foram ao escritório da Vivendi, em Paris, em busca de documentos e arquivos relacionados à contabilidade do grupo. Com a investigação, a companhia deverá ter maiores dificuldades para levantar os empréstimos necessários a um plano de resgate e reestruturação.
As ações da empresa caíram 7% ontem na Bolsa de Paris. No ano os papéis já perderam 70%.
Depois de forçar a demissão do pouco popular diretor-executivo Jean-Marie Messier na semana passada, o conselho de acionistas negocia novos créditos para não deixar de honrar suas dívidas neste ano. As dívidas da companhia chegam a 19 bilhões.
Ontem a Vivendi informou que conseguiu um empréstimo no valor de 1 bilhão. Mas, segundo analistas do setor, a companhia precisaria de ao menos outros 3 bilhões para não entrar em "default" (calote).
"O mais sério problema é garantir financiamento para os próximos meses", afirmou um analista de Paris. Quando assumiu a chefia da empresa, na semana passada, o novo diretor-executivo, Jean-René Fourtou, já havia reconhecido as dificuldades de caixa que enfrentaria.
De acordo com a COB, as investigações não foram iniciadas devido a uma acusação específica. Mas, na semana passada, os jornais franceses revelaram que a companhia tentou, no ano passado, inflar seus resultados ao omitir despesas de seus balanços.
A Vivendi nasceu há 150 anos, como uma estatal de água e saneamento básico. Ao longo dos anos 1990 passou por uma rápida expansão, depois de ser privatizada. Messier, agora acusado pelos problemas do grupo, esteve à frente da estratégia de crescimento, que culminou com a aquisição do grupo Universal.



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