São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002

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Câmbio, e não o IPCA, será decisivo para juros

DA REPORTAGEM LOCAL

O resultado do IPCA de junho não será decisivo para a definição da trajetória dos juros pelo Banco Central na reunião do Copom da próxima semana. É o comportamento do câmbio nos próximos dias que centralizará as atenções da autoridade monetária, avaliam economistas.
O IPCA (taxa considerada pelo BC para monitorar a inflação) divulgado ontem pelo IBGE, de 0,42%, ficou abaixo das projeções do mercado. Mas o dólar, apesar de haver se acalmado nos últimos dias, permanece em um nível bastante elevado.
A possibilidade de o BC utilizar o viés de baixa para cortar a taxa básica de juros, atualmente em 18,5% ao ano, antes do encontro do Copom (Comitê de Política Monetária), nos dias 16 e 17, já é descartada pelo mercado.
"A utilização do viés de baixa exigia outras circunstâncias. O mercado se tornou ainda mais turbulento desde o último encontro do Copom", diz o diretor financeiro do banco Santos, Clive Botelho.
Na reunião do mês passado, quando o Copom manteve os juros e adotou o viés de baixa -que passou a permitir o corte da taxa entre uma reunião e outra-, o dólar estava em R$ 2,707.
"Com o dólar no nível atual, é improvável que haja corte nos juros. Essa possibilidade cresce apenas se o dólar recuar para um patamar entre R$ 2,60 e R$ 2,70 até a reunião [do Copom"", afirma Wilson Ramião, economista do banco Lloyds TSB.
Nos negócios de ontem, a moeda norte-americana fechou praticamente estável, vendida a R$ 2,851 no fim do dia.
O reflexo da escalada do dólar nos preços, principalmente de insumos e produtos importados, é uma preocupação constante do BC, pois o movimento poderia comprometer a meta de inflação prevista para o ano.
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), os contratos DI (que consideram os negócios entre os bancos) de prazo mais curto, que refletem a expectativa do mercado para a próxima reunião do Copom, fecharam com taxa de 18,65% anuais. Ou seja, as apostas indicam, por enquanto, a manutenção dos juros. (FABRICIO VIEIRA)


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