São Paulo, quinta-feira, 11 de julho de 2002

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Buracos nas contas preocupam UE

DA FRANCE PRESSE

Os déficits públicos de Portugal, da França, da Itália e da Alemanha estão sendo observados atentamente pela União Européia (UE) devido ao preocupante nível em que se encontram. A afirmação foi feita ontem pelo comissário europeu para Assuntos Econômicos, o espanhol Pedro Solbes.
Em entrevista publicada pelo jornal alemão "Berliner Zeitung", Solbes indicou que a comissão da UE poderá aplicar sanções contra Portugal se Lisboa confirmar que o déficit de 2001 superou realmente os 3% do PIB (Produto Interno Bruto).
A comissão também poderá emitir um sinal de alerta para França e Itália, explicou Solbes, acrescentando que a situação orçamentária na Alemanha também não é satisfatória.
Os quatro países -três deles fundadores da UE (Alemanha, França e Itália)- foram criticados por Solbes por seus déficits públicos que superam o limite de 3% do PIB fixado no Pacto de Estabilidade da UE -como é o caso de Portugal-, ou se aproximam perigosamente desse índice.
No caso de Portugal, o comissário disse que está convencido de que o país registrou no ano passado um déficit público "líquido superior" aos 3%, apesar de Lisboa ter ainda de confirmar essa cifra.
Se o governo português não colocar ordem rapidamente em seu orçamento poderá enfrentar uma sanção, enfatizou Solbes. "Se o déficit continuar acima de 3% em 2002, enfrentaremos grandes dificuldades", acrescentou.
No caso da Itália, o governo prevê que o equilíbrio das contas públicas que todos os membros da UE devem alcançar em 2003 só será obtido em 2004. Solbes criticou o Executivo italiano, que não estaria tomando as medidas apropriadas.
Segundo o comissário europeu, a França também se nega a colocar em prática as "dolorosas medidas" necessárias para pôr em ordem suas contas públicas.
Por último, a situação da Alemanha também não é satisfatória porque o país só conseguirá equilibrar suas contas em 2004, ou seja, depois dos países da zona do euro. Berlim comprometeu-se a "alcançar até 2004 uma situação que se aproxime do equilíbrio, acompanhada por um crescimento econômico".
Para Solbes, esses quatro países da zona euro "supõem um problema, principalmente porque entre eles há três potências econômicas: Alemanha, França e Itália".
"Existe o risco de que alguns desses países não utilizem a recuperação econômica para reduzir seus déficits públicos, e sim para aumentá-los. Todos nós vamos pagar pela consequências dessa política, devido à existência de uma moeda comum", concluiu.



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