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AGRICULTURA
Executivo da União Européia aprova plano de reforma da política agrícola; França diz que vai vetar medida
Europa propõe corte de subsídio agrícola
DA REUTERS
A Comissão Européia aprovou
ontem um plano radical de reforma da Política Agrícola Comum
da União Européia, cujos termos
permitem a concessão anual de
US$ 39 bilhões em subsídios à
agricultura. Se aprovada, a reforma deve cortar cerca de 20% dos
incentivos aos agricultores.
O ambicioso plano mestre para
a reformulação da muito criticada
Política Agrícola Comum, criada
há 40 anos, requer o assentimento
de todos os países da União Européia. A França reafirmou sua oposição à proposta, enquanto o Reino Unido, favorável à reforma,
alegou que ela não representava
avanço suficiente.
O comissário da União Européia para a Agricultura, Franz
Fischler, propôs cortar o vínculo
entre a assistência aos fazendeiros
e a produção de alimentos.
"Restaurar a credibilidade da
política agrícola comum exigirá
uma reforma completa", disse
Fischler ao Parlamento Europeu
depois que o Executivo da União
Européia aprovou seu plano sem
votação e com apenas duas dissidências menores.
A reforma é essencial para permitir que a União Européia estenda gradualmente a Política Agrícola Comum aos milhões de fazendeiros dos países do leste europeu (que devem entrar na UE),
bem como para permitir que ela
assuma uma posição de vantagem moral nas negociações para a
liberalização do comércio mundial, declarou o comissário.
A França, principal beneficiária
do sistema, acusou o Executivo da
União Européia de exceder suas
responsabilidades. O Ministério
da Agricultura francês declarou
que "a França se opõe a qualquer
reforma antecipada da Política
Agrícola Comum".
Os líderes agrícolas europeus
acusaram a Comissão Européia
de oferecer concessões unilaterais
antes de negociações mundiais de
comércio, em contraste com os
EUA, que acabaram de votar um
aumento dos subsídios agrícolas,
mesmo que eles causem distorções ao comércio internacional.
Muitas vezes criticada como
perdulária e protecionista, a Política Agrícola Comum foi criada
no começo dos anos 60 para estimular a produção agrícola em um
momento em que a Europa ainda
importava alimentos.
Por volta dos anos 80, o mecanismo havia conduzido à criação
de imensos estoques de grãos,
carne bovina, manteiga e vinho,
armazenados à custa dos contribuintes.
O líder dos agricultores franceses, Jean-Michel Lemetayer, falando depois de uma conversa
com seu colega alemão, prometeu
mobilizar os fazendeiros da
União Européia sob uma bandeira comum, e classificou a reforma
como "intolerável depois de todos os esforços empreendidos pelos fazendeiros, especialmente
quanto à segurança alimentar".
O plano reduziria em 20% os
pagamentos diretos aos fazendeiros em prazo de sete anos, e usaria
o dinheiro assim economizado
para o desenvolvimento rural.
Lemetayer disse que o corte da
assistência em 3% ao ano eliminaria metade das 400 mil fazendas
francesas em uma década.
No entanto, a associação dos fazendeiros italianos elogiou o plano como uma chance de estimular a concorrência e vender produtos de alta qualidade.
A Alemanha, que deseja reduzir
o custo em que incorre por conta
da Política Agrícola Comum, recebeu com agrado a reforma, mas
disse que combateria a proposta
de Fischler para tentar limitar a
300 mil euros os pagamentos a fazendas individuais, o que prejudicaria as fazendas coletivas de maior porte no leste alemão.
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