São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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Investidor estrangeiro vê barreiras

DA REPORTAGEM LOCAL

No "check-list" do investidor estrangeiro que estica os olhos para o Brasil em busca de negócios, a carga tributária é um fator importante, mas não determinante, na decisão de investir por aqui. "Esse item vem em quarto lugar no rol das preocupações do investidor externo", diz Antônio Corrêa de Lacerda, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica). Para ele, os principais itens seriam o tamanho do mercado interno, as taxas de crescimento desse mercado e as condições de logística.
Tanto que, apesar de a carga tributária ter saltado de 28,71% do PIB (Produto Interno Bruto) em 1997 para 35,68% em 2003, o investimento direto totalizou US$ 158,4 bilhões no período.
A partir de 2000, os ingressos de capital no setor produtivo descreveram uma curva declinante, caindo de US$ 32,8 bilhões para US$ 10,1 bilhões em 2003. Os dados são da Sobeet, que está revendo sua projeção para este ano.
A esperada recuperação das inversões externas -projetava-se 50% de alta em 2004- recuou para um percentual mais modesto, de 20%. "No final de 2003, projetávamos ingresso de US$ 15 bilhões neste ano e revimos para US$ 12 bilhões", diz Lacerda.
O que está afastando os investidores estrangeiros, segundo ele, são as indefinições regulatórias ainda existentes em vários setores da economia brasileira.
O embaixador do Reino Unido no Brasil, Roger Bone, diz que os empresários ingleses, por exemplo, têm grande interesse no país, mas andam receosos com indefinições regulatórias e tributárias.

China tributa menos
Além disso, a rota do capital produtivo desviou-se para a China -no ano passado foram US$ 57 bilhões em investimento estrangeiro. Para Diogo Ruiz, sócio da KPMG, parte desses recursos poderia vir para o Brasil. "O que leva o capital à China é o seu custo de produção, muito inferior ao do Brasil. Além da mão-de-obra barata, a tributação é menor", diz.
A tributação sobre o lucro é de 34% no Brasil e de 33% na China. Mas naquele país essa carga pode chegar à metade nas zonas especiais de produção. (SB)


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