|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Transmissão do Madeira ainda está no papel
Obra de 2.450 km, que ligará Porto Velho a Araraquara (SP), deverá ser licitada na metade de 2008 para ficar pronta em 2012
Linhas trarão energia para ser consumida no Sudeste
e no Centro-Oeste; custo de construção é estimado entre
R$ 7 bilhões e R$ 9 bilhões
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A distribuição para os grandes centros de consumo do país
da energia a ser gerada pelas
usinas hidrelétricas do rio Madeira (RO) depende de uma
obra que, apesar de fazer parte
do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), ainda não
saiu do papel.
Trata-se de uma linha de
transmissão de 2.450 quilômetros que ligará Porto Velho
(RO) a Araraquara (SP) e tem
custo estimado entre R$ 7 bilhões e R$ 9 bilhões. Ela deverá
ser licitada para a iniciativa privada, que poderá se associar a
estatais até o limite de 49%.
Segundo a EPE (Empresa de
Pesquisa Energética, estatal
que planeja o setor), a expectativa é licitar a usina oito meses
depois do leilão da hidrelétrica
de Santo Antônio, previsto para
o final de setembro ou início de
outubro deste ano.
Ou seja, a licitação da linha
de transmissão aconteceria em
junho de 2008 e ela teria que ficar pronta até o final do segundo semestre de 2012, para que a
energia que começasse a ser gerada no rio Madeira pudesse
ser transmitida para o Centro-Oeste e o Sudeste.
Ao contrário das usinas hidrelétricas, as linhas de transmissão não precisam ter licença ambiental prévia para serem
licitadas. Ou seja, o governo pode prescindir da análise dos órgãos de licenciamento ambiental -como o Ibama- para fazer
o leilão.
O vencedor, no entanto, terá
de obter a licença por conta
própria e estará sujeito à tramitação normal dos processos. Ou
seja, a obra pode atrasar se houver algum impasse ambiental.
Impacto menor
De acordo com avaliação do
setor privado, licenças ambientais para a construção de linhas
de transmissão são muito mais
simples de serem obtidas do
que as de usinas, porque os impactos são muito menores.
"Essa linha, no entanto, passará pela região amazônica, o
que poderá complicar um pouco o processo", analisa Cláudio
Sales, presidente do Instituto
Acende Brasil, que reúne os
principais investidores privados em energia.
Na opinião de Sales, as regras
para a licitação da linha de
transmissão deveriam estar
prontas quando a usina de Santo Antônio fosse licitada. Essas
regras vão definir, entre outros
detalhes, o custo da obra e a
modalidade de financiamento.
As informações servem para
avaliar o custo da transmissão,
que será agregado ao custo da
energia das usinas. "Sem saber
o custo da transmissão, não dá
para saber o custo da energia
gerada pelas usinas do rio Madeira", afirmou Sales.
De acordo com esse raciocínio, só é possível saber se a
energia gerada pelas usinas do
rio Madeira será ou não competitiva em relação a outras alternativas de suprimento -como
termelétricas situadas mais
próximas dos grandes centros
consumidores de energia-
quando for conhecido o custo
de transmissão.
Segundo Irineu Meireles, diretor de investimentos da Odebrecht, as duas usinas do rio
Madeira deverão custar entre
R$ 22 bilhões e R$ 23 bilhões.
O valor da tarifa de equilíbrio
(que garante rentabilidade ao
empreendimento), no entanto,
só será conhecido depois que
forem analisados os impactos
das exigências do Ibama, principalmente a que aumenta de
100 metros para 500 metros a
área de proteção permanente
próxima à usina.
"Acho que será uma tarifa
competitiva", disse Meireles.
A Odebrecht, com a estatal
Furnas, elaborou os estudos sobre as hidrelétricas do Madeira.
Texto Anterior: Comércio: Superávit da China bate novo recorde Próximo Texto: Condições vão impactar custo, diz Odebrecht Índice
|