São Paulo, quarta-feira, 11 de julho de 2007

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Governo libera R$ 1,04 bi para enriquecimento de urânio

LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A IPERÓ (SP)

Em visita ao Centro Experimental de Aramar, mantido pela Marinha em Iperó, a 120 km de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem a liberação de R$ 1,04 bilhão para o programa de enriquecimento de urânio em escala industrial. Disse ainda que o projeto prevê a construção de novas usinas nucleares, além de Angra 3, que está em estudo.
"Se for necessário construir mais [usinas nucleares], vamos construir. Até porque é uma energia limpa, está provado que hoje tem segurança e o Brasil não pode parar."
O investimento na área atende a um pedido antigo do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), que afirma que há dez anos domina a tecnologia para a produção de pastilhas de urânio (o produto final, o combustível), mas que, sem dinheiro, mantém o projeto em estado "vegetativo".
Hoje, a maior parte do urânio usado em Angra 1 e 2 é enriquecida no Canadá e concluída na Europa. "Temos condições de concluir o projeto e o Brasil pode se dar ao luxo de ser um dos poucos países do mundo a dominar toda a tecnologia do ciclo de enriquecimento do urânio. Penso que seremos muito mais valorizados enquanto nação e potência", afirmou Lula. A verba de R$ 1,04 bilhão será liberada em oito anos (R$ 130 milhões por ano).
"Estamos dando um passo extraordinário. Temos profissionais, tecnologia e conhecimento. Só faltava dinheiro. Agora não vai faltar. A gente vai pôr o dinheiro necessário. Não sonho grande ao dizer que queremos chegar à possibilidade de ter um submarino nuclear."
Segundo engenheiros da Marinha, uma pastilha de urânio enriquecido a 4% (na natureza, é encontrado a 0,7%) equivale a uma tonelada de carvão, ou 2,5 toneladas de lenha ou três barris de petróleo.
O laboratório de Iperó tem capacidade para produzir duas toneladas de pastilhas, que seriam suficientes para movimentar um submarino nuclear.

Biodiesel com problema
Liminar suspendeu parte das operações da fábrica da Brasil Ecodiesel em Crateús (CE), que produz biodiesel com sementes de mamona e outras oleaginosas. Ela estaria causando poluição ambiental.
A fábrica foi inaugurada em 31 de janeiro pelo presidente Lula, que, na ocasião, disse que a produção de biodiesel é uma forma de "limpar o planeta que os outros estão sujando".
Também pela acusação de poluição, a Semace (Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará) já aplicou multa de R$ 300 mil. Por causa da poluição, houve, em maio, grande mortandade de peixes.
Pela decisão judicial, a empresa fica proibida de processar as sementes para o biodiesel e tem de retirar todos os resíduos sólidos e líquidos que poluem o rio. Só depois de resolver os problemas ambientais é que poderá voltar a produzir.
Em nota, a empresa negou que seja a causadora da poluição no rio Poti e informou que vai recorrer da decisão judicial.


Colaborou KAMILA FERNANDES, da Agência Folha, em Fortaleza


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