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Governo libera R$ 1,04 bi para enriquecimento de urânio
LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A IPERÓ (SP)
Em visita ao Centro Experimental de Aramar, mantido pela Marinha em Iperó, a 120 km
de São Paulo, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva anunciou
ontem a liberação de R$ 1,04 bilhão para o programa de enriquecimento de urânio em escala industrial. Disse ainda que o
projeto prevê a construção de
novas usinas nucleares, além
de Angra 3, que está em estudo.
"Se for necessário construir
mais [usinas nucleares], vamos
construir. Até porque é uma
energia limpa, está provado
que hoje tem segurança e o Brasil não pode parar."
O investimento na área atende a um pedido antigo do Centro Tecnológico da Marinha em
São Paulo (CTMSP), que afirma que há dez anos domina a
tecnologia para a produção de
pastilhas de urânio (o produto
final, o combustível), mas que,
sem dinheiro, mantém o projeto em estado "vegetativo".
Hoje, a maior parte do urânio
usado em Angra 1 e 2 é enriquecida no Canadá e concluída na
Europa. "Temos condições de
concluir o projeto e o Brasil pode se dar ao luxo de ser um dos
poucos países do mundo a dominar toda a tecnologia do ciclo
de enriquecimento do urânio.
Penso que seremos muito mais
valorizados enquanto nação e
potência", afirmou Lula.
A verba de R$ 1,04 bilhão será liberada em oito anos (R$
130 milhões por ano).
"Estamos dando um passo
extraordinário. Temos profissionais, tecnologia e conhecimento. Só faltava dinheiro.
Agora não vai faltar. A gente vai
pôr o dinheiro necessário. Não
sonho grande ao dizer que queremos chegar à possibilidade
de ter um submarino nuclear."
Segundo engenheiros da Marinha, uma pastilha de urânio
enriquecido a 4% (na natureza,
é encontrado a 0,7%) equivale a
uma tonelada de carvão, ou 2,5
toneladas de lenha ou três barris de petróleo.
O laboratório de Iperó tem
capacidade para produzir duas
toneladas de pastilhas, que seriam suficientes para movimentar um submarino nuclear.
Biodiesel com problema
Liminar suspendeu parte das
operações da fábrica da Brasil
Ecodiesel em Crateús (CE), que
produz biodiesel com sementes
de mamona e outras oleaginosas. Ela estaria causando poluição ambiental.
A fábrica foi inaugurada em
31 de janeiro pelo presidente
Lula, que, na ocasião, disse que
a produção de biodiesel é uma
forma de "limpar o planeta que
os outros estão sujando".
Também pela acusação de
poluição, a Semace (Superintendência Estadual do Meio
Ambiente do Ceará) já aplicou
multa de R$ 300 mil. Por causa
da poluição, houve, em maio,
grande mortandade de peixes.
Pela decisão judicial, a empresa fica proibida de processar
as sementes para o biodiesel e
tem de retirar todos os resíduos
sólidos e líquidos que poluem o
rio. Só depois de resolver os
problemas ambientais é que
poderá voltar a produzir.
Em nota, a empresa negou
que seja a causadora da poluição no rio Poti e informou que
vai recorrer da decisão judicial.
Colaborou KAMILA FERNANDES,
da Agência Folha, em Fortaleza
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