São Paulo, domingo, 11 de agosto de 2002

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Modelo não dará certo, diz consultor

DA REPORTAGEM LOCAL

O atual modelo brasileiro de competição em telefonia local não dará certo, como também não deu certo em nenhum país do mundo. A previsão é de Virgilio Freire, consultor-chefe da empresa Brisa, para quem esse tipo projeto sofre de um erro estrutural grave.
"Todo o projeto se baseia na hipótese de que as operadoras instaladas nas cidades cederão suas redes de cabos e centrais às novas empresas que chegarem", diz Freire. "O problema é que isso não vai ocorrer. Não há como forçar uma operadora a ceder aquilo que é essencial para seu negócio."
A única saída, segundo o consultor, é a Anatel separar das grandes operadoras de telefonia fixa (Telefônica, Telemar e Brasil Telecom) seus sistemas de infra-estrutura. Seriam então criadas empresas exclusivamente dedicadas a vender o uso dessas redes para as atuais e as novas operadoras de telefonia.
"Essas empresas de infra-estrutura teriam todo o interesse de ter a maior quantidade possível de operadoras como clientes, a fim de que usem seus cabos ao máximo", explica Freire.
O problema a ser enfrentado para colocar essa idéia em prática, no entanto, é justamente convencer a Telefônica, a Telemar e a Brasil Telecom a venderem suas infra-estruturas.
"Existiriam sérios obstáculos a serem vencidos para criar esse novo modelo. O valor de indenização a ser pago para aquelas operadoras é um deles."

Modelo Thatcher
Freire afirma que o atual modelo de competição criado pela Anatel se baseia no programa de privatização elaborado em 1979 pela então primeira-ministra inglesa Margareth Thatcher. A maioria dos serviços da Inglaterra foram privatizados, como os trilhos de ferrovias.
"Agora esse modelo está sendo revisto. Houve, por exemplo, problemas de falta de competição nas ferrovias, que estão sendo estatizadas novamente." (LV)


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