São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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O VÔO DA ÁGUIA

BC dos EUA aumenta taxa em 0,25 ponto pela 2ª vez no ano e diz que país manterá ritmo de crescimento sustentável

Fed confirma previsão e eleva juros a 1,5%

DE WASHINGTON

O Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) aumentou ontem em mais 0,25 ponto percentual o juro básico norte-americano, para 1,5% ao ano.
A alta, a segunda em 40 dias, correspondeu às expectativas do mercado financeiro, que prevê uma ação gradual do Fed nos próximos meses para recolocar os juros americanos em uma "zona de equilíbrio".
Antes de iniciar o processo de aumento das taxas, em 30 de junho, os juros norte-americanos estavam no menor patamar em 46 anos. Do início de 2001 a junho do ano passado, a taxa foi reduzida de 6,5% ao ano para 1%.
Em seu comunicado, o Fed justificou a medida de ontem como preventiva contra pressões inflacionárias e disse que a economia dos Estados Unidos deverá continuar em um ritmo de crescimento sustentável -a despeito de recentes sinais contrários.
A elevação de 0,25 ponto percentual ocorreu apesar do fraco desempenho do mercado de trabalho em julho, que surpreendeu negativamente ao criar só 32 mil novas vagas no mês, ante expectativa entre 215 mil e 235 mil postos.
O Fed atribuiu a desaceleração nas contratações no mês passado ao impacto dos preços do petróleo, que ontem chegou a ser negociado a US$ 45 em Nova York.
"Mais recentemente, o crescimento na produção tornou-se moderado e o ritmo de melhora no mercado de trabalho diminuiu. Isso se deveu principalmente ao aumento substancial nos custos da energia", disse a autoridade monetária norte-americana. "Apesar disso, a economia parece estar preparada para retomar um ritmo mais forte e ir em frente."
No segundo trimestre, o PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano cresceu a um ritmo anualizado de 3%, contra os 4,5% registrados nos três primeiros meses do ano. Ao mesmo tempo, houve uma diminuição na expectativa de lucros das empresas.
O Fed afirmou que um crescimento abaixo do esperado ou uma inflação acima do previsto são hoje os dois principais riscos presentes. As recentes pressões inflacionárias foram consideradas, no entanto, como sendo "transitórias".
Apesar do otimismo moderado do Federal Reserve, vários economistas já começam a especular que o ritmo de aumento na taxa de juros dos Estados Unidos poderá ser ainda mais lento caso os sinais de uma recuperação robusta, como mais emprego e consumo, demorem a aparecer.
Como a decisão do Fed era esperada e os ativos já estavam ajustados à nova taxa de juros, os indicadores brasileiros tiveram desempenho positivo ontem. O dólar fechou em queda de 0,36%, cotado a R$ 3,029. A Bolsa de Valores de São Paulo registrou valorização de 2,24%.

Produtividade
O Departamento do Trabalho norte-americano também anunciou ontem que o ritmo da produtividade cresceu a uma taxa anualizada de 2,9% no segundo trimestre -acima das expectativas, mas abaixo dos 3,7% registrados no primeiro trimestre do ano.
Foi o menor ganho na produtividade desde o final de 2002, mas suficiente para fazer acreditar que o fato continuará ajudando a controlar a inflação.
No sentido contrário, porém, foi anunciado que os custos com o trabalho aumentaram 1,9% no período, puxados por uma alta de 4,9% nos salários e benefícios.
Com custos maiores, as empresas poderão tentar aumentar preços para manter as margens de lucro. (FERNANDO CANZIAN)


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