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O VÔO DA ÁGUIA
BC dos EUA aumenta taxa em 0,25 ponto pela 2ª vez no ano e diz que país manterá ritmo de crescimento sustentável
Fed confirma previsão e eleva juros a 1,5%
DE WASHINGTON
O Federal Reserve (o banco
central dos Estados Unidos) aumentou ontem em mais 0,25 ponto percentual o juro básico norte-americano, para 1,5% ao ano.
A alta, a segunda em 40 dias,
correspondeu às expectativas do
mercado financeiro, que prevê
uma ação gradual do Fed nos próximos meses para recolocar os juros americanos em uma "zona de
equilíbrio".
Antes de iniciar o processo de
aumento das taxas, em 30 de junho, os juros norte-americanos
estavam no menor patamar em 46
anos. Do início de 2001 a junho do
ano passado, a taxa foi reduzida
de 6,5% ao ano para 1%.
Em seu comunicado, o Fed justificou a medida de ontem como
preventiva contra pressões inflacionárias e disse que a economia
dos Estados Unidos deverá continuar em um ritmo de crescimento sustentável -a despeito de recentes sinais contrários.
A elevação de 0,25 ponto percentual ocorreu apesar do fraco
desempenho do mercado de trabalho em julho, que surpreendeu
negativamente ao criar só 32 mil
novas vagas no mês, ante expectativa entre 215 mil e 235 mil postos.
O Fed atribuiu a desaceleração
nas contratações no mês passado
ao impacto dos preços do petróleo, que ontem chegou a ser negociado a US$ 45 em Nova York.
"Mais recentemente, o crescimento na produção tornou-se
moderado e o ritmo de melhora
no mercado de trabalho diminuiu. Isso se deveu principalmente ao aumento substancial nos
custos da energia", disse a autoridade monetária norte-americana.
"Apesar disso, a economia parece
estar preparada para retomar um
ritmo mais forte e ir em frente."
No segundo trimestre, o PIB
(Produto Interno Bruto) norte-americano cresceu a um ritmo
anualizado de 3%, contra os 4,5%
registrados nos três primeiros
meses do ano. Ao mesmo tempo,
houve uma diminuição na expectativa de lucros das empresas.
O Fed afirmou que um crescimento abaixo do esperado ou
uma inflação acima do previsto
são hoje os dois principais riscos
presentes. As recentes pressões
inflacionárias foram consideradas, no entanto, como sendo
"transitórias".
Apesar do otimismo moderado
do Federal Reserve, vários economistas já começam a especular
que o ritmo de aumento na taxa
de juros dos Estados Unidos poderá ser ainda mais lento caso os
sinais de uma recuperação robusta, como mais emprego e consumo, demorem a aparecer.
Como a decisão do Fed era esperada e os ativos já estavam ajustados à nova taxa de juros, os indicadores brasileiros tiveram desempenho positivo ontem. O dólar fechou em queda de 0,36%, cotado a R$ 3,029. A Bolsa de Valores de São Paulo registrou valorização de 2,24%.
Produtividade
O Departamento do Trabalho
norte-americano também anunciou ontem que o ritmo da produtividade cresceu a uma taxa anualizada de 2,9% no segundo trimestre -acima das expectativas,
mas abaixo dos 3,7% registrados
no primeiro trimestre do ano.
Foi o menor ganho na produtividade desde o final de 2002, mas
suficiente para fazer acreditar que
o fato continuará ajudando a controlar a inflação.
No sentido contrário, porém,
foi anunciado que os custos com o
trabalho aumentaram 1,9% no
período, puxados por uma alta de
4,9% nos salários e benefícios.
Com custos maiores, as empresas poderão tentar aumentar preços para manter as margens de lucro.
(FERNANDO CANZIAN)
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