São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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CONCORRÊNCIA

Empresa do vice-presidente José Alencar disputa liderança no setor têxtil

Cade analisará operação da Coteminas

CATIA SEABRA
REPORTAGEM LOCAL

O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vai analisar o risco de concentração econômica na operação que dá à Coteminas (Cia. de Tecidos Norte de Minas) -empresa da família do vice-presidente José Alencar- fôlego para disputar a liderança nacional do setor têxtil. Segunda do país em faturamento, com uma receita líquida de R$ 1,116 bilhão no ano passado, a Coteminas assumiu, no dia 28 de julho, o controle da Cia. de Tecidos Santanense. Fabricante de brim e índigo, a Santanense faturou, até o meio do ano, R$ 100 milhões.
Somada à receita da Santanense -de quase R$ 200 milhões anuais-, a da Coteminas chega perto do R$ 1,405 bilhão faturado em 2003 pela líder nacional, a Vicunha Têxtil. Para incorporar a Santanense, a Coteminas investiu R$ 34 milhões em ações e assumiu uma dívida de R$ 30 milhões com o BNDES. Graças à operação, a companhia não só ganha musculatura para competir como também diversifica, ao entrar no ramo de brim e índigo.
Esse é o argumento do presidente da Coteminas, Josué Christiano Gomes da Silva, para descartar qualquer ameaça de concentração econômica. "As duas empresas atuam em segmentos muito diferentes. A Coteminas, em toalhas, lençóis e malhas. A Santanense, em brim e índigo", diz o filho do vice-presidente.
Em Minas, a Coteminas já tem participação de 30% (sendo 20% do capital votante) na Cedro e Cachoeira, fabricante de índigo e brim e com receita anual superior a R$ 350 milhões. Também detém 36,8% das ações com direito a voto da Fiação e Tecelagem São José, outra fabricante de jeans.
Protocolado na Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, o "ato de concentração econômica" foi publicado na quinta-feira no Diário Oficial. Como a Coteminas tem faturamento anual superior a R$ 400 milhões, operações como essas têm de ser submetidas ao Cade, após os pareceres da SDE e da SAE (Secretaria de Acompanhamento Econômico), ambos em fase de elaboração.
Diretor da Abit (associação da Indústria têxtil), Fernando Pimentel diz que esse é um ato de concentração econômica. Mas seu impacto só poderá ser medido mais tarde. "Vamos ver como o mercado se comporta", disse Pimentel, diretor de vendas da Cia. Têxtil Ferreira Guimarães, também especializada em índigo.


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