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COMÉRCIO EXTERIOR
Em viagem ao país para melhorar relações, chanceler Amorim volta com queixas do governo Kirchner
Argentina cobra investimentos da Petrobras
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
Com a missão de fazer uma visita política e estreitar os laços entre
os dois principais parceiros do
Mercosul, que recentemente passaram por nova disputa comercial, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim,
acabou saindo de Buenos Aires
ontem pela manhã com uma lista
de reclamações feitas pelo presidente Néstor Kirchner e alguns
ministros para apresentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além de reforçar a ameaça de
que poderá haver medidas restritivas para os sapatos brasileiros,
os argentinos reclamaram da Petrobras, empresa que acusaram
de não estar investindo o suficiente no país e da cobrança do PIS
(Programa de Integração Social) e
da Cofins (Contribuição para o
Financiamento da Seguridade Social) sobre produtos importados.
Eles ainda cobraram financiamento brasileiro para duplicar
um trecho da estrada que liga
Buenos Aires a Paso de los Libres,
em Uruguaiana, segundo a Folha
apurou com fontes do governo
brasileiro.
Kirchner também cobrou mais
investimentos da Petrobras em
obras de transporte de gás. Em
maio, quando a Argentina anunciou um pacote de medidas para
combater a crise de energia, a Petrobras anunciou que participaria
de investimentos para aumentar a
capacidade do gasoduto San Martin, de Ushuaia (sul) à capital.
O presidente argentino teria dito que a empresa brasileira não
está se esforçando para concretizar esses investimentos. Segundo
o jornal portenho "Clarín", Kirchner teria dito ainda que "a política
empresarial é oposta aos objetivos estratégicos acordados com o
Brasil" e teria acusado a empresa
de "irresponsável, por vender estoques sem fazer investimentos
em prospecção". O recente aumento de 1,8% no preço da gasolina e de 2,9% no preço do óleo diesel promovido pela estatal brasileira foi outro motivo de queixas
argentinas.
Sobre a questão, Amorim respondeu ontem, já em São Paulo:
"Não cabe a mim falar sobre esse
assunto. Eu não sou o presidente
da Petrobras nem tenho conhecimento técnico para falar sobre isso. O que eu falei [para Kirchner]
é que levaria [a questão] ao conhecimento do presidente Lula".
O chanceler brasileiro também
contemporizou o tom do encontro. "Não sei se chamaria de queixas. O presidente Kirchner fez colocações sobre a Petrobras."
Nas conversas que teve com os
ministros da Economia, Roberto
Lavagna, com o chefe da Casa de
Governo, Alberto Fernandez, e
com o ministro do Interior, Aníbal Fernandez, Amorim registrou
também pedidos para que o governo brasileiro reveja a medida
que estendeu o sistema PIS-Cofins aos produtos importados.
De acordo com os argentinos,
esse sistema encareceu as vendas
para o Brasil. Desde maio, as alíquotas de 1,8% do PIS e de 7,6%
do Cofins estão incidindo também sobre as importações. O objetivo da mudança, aprovada por
medida provisória em janeiro, foi
atender aos pedidos da indústria
nacional, que reivindicava equalização de custos, para diminuir a
desvantagem dos produtos nacionais na concorrência com os importados.
Colaborou Cíntia Cardoso,
da Reportagem Local
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