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RETOMADA
Recursos liberados pelo banco cresceram 37% até o mês de julho; empresas de pequeno porte do setor puxaram alta
Agropecuária eleva desembolsos do BNDES
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
Os recursos liberados pelo
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tiveram um aumento de 37%
nos primeiros sete meses deste
ano em comparação ao mesmo
período do ano passado, somando R$ 19,15 bilhões (40,5% do total previsto para 2004). Grande
parte desse aumento percentual
deve-se ao setor agropecuário,
que, por sua vez, cresceu devido a
desembolsos a micro, pequenas e
médias empresas.
A agropecuária teve R$ 3,9 bilhões de recursos liberados até julho deste ano, acumulando um
aumento de 74% em relação ao
mesmo período de 2003. Esse foi
o maior percentual de todos os setores da economia que recebem
financiamentos do BNDES. Desse
total, R$ 3,7 bilhões foram para
micro, pequenas e médias empresas, de agropecuária, além de pessoas físicas, representando 94,5%
dos desembolsos.
"Elas tiveram um desempenho
quase espetacular", afirmou o superintendente da Área de Planejamento do BNDES, Maurício Piccinini. Há duas semanas, o presidente do banco, Carlos Lessa, reclamou da falta de projetos apresentados por grandes empresas.
"Tudo no BNDES está indo bem,
menos grandes projetos, que têm
chegado a conta-gotas e numa
imensa e terrível lentidão", disse.
"Apesar de não estarmos recebendo projetos de grandes empresas no ritmo esperado, o objetivo do banco é promover o desenvolvimento com geração de
emprego e as empresas menores
são geradoras de empregos", afirmou ontem Piccinini. "O banco
foi sempre acusado de o crédito
não chegar ao pequeno. O resultado esta aí", completou.
Entre as empresas de menor
porte, o número de operações de
desembolso do banco foi de
81.711, atingindo 95% do total do
período, resultado 46% superior
ao registrado entre janeiro e julho
do ano passado.
Isso não significa que os desembolsos a grande empresas tenham
diminuído. Como se tratam de financiamentos de maiores vultos,
R$ 12,2 bilhões do total de R$
19,15 bilhões desembolsados, ou
seja, 64% foram para as maiores
empresas, representando um aumento de 38% em relação ao mesmo período do ano passado. As
de menor porte receberam R$ 6,8
bilhões, um aumento de 35%.
Enquanto as micro, pequenas e
médias se concentram mais no setor agropecuário, as grandes estão
no setor industrial e de infra-estrutura, que registraram altas de
33% e 43% respectivamente.
Os desembolsos para empresas
exportadoras registraram alta de
57% no período analisado, num
total de US$, 2,06 bilhões (cerca
de R$ 6,18 bilhões).
Os maiores valores, US$ 895 milhões, foram para o setor chamado de "outros equipamentos de
transporte". "São basicamente os
desembolsos para a Embraer",
disse Piccinini.
No ramo de veículos automotores para exportação, com US$ 453
milhões (196% de aumento), os
destaques, segundo o superintendente do BNDES, são Ford, GM e
Renault.
O setor de construção registrou
o segundo maior aumento percentual (153%), com desembolsos
de US$ 143 milhões. Nessa área, as
empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez são as campeãs. "São
obras de engenharia que elas estão tocando em outros países",
disse Piccinini.
Também apresentaram desempenho positivo as aprovações, enquadramentos e consultas ao
banco, estágios anteriores aos desembolsos. As aprovações aumentaram 49%, chegando a R$
19,8 bilhões, contra R$ 13,3 bilhões em igual período de 2003.
Os enquadramentos totalizaram
R$ 34,4 bilhões, valor 125% maior
do que os R$ 15,3 bilhões do ano
passado. As consultas, que indicam a disposição do empresariado em realizar investimentos, somaram R$ 49,6 bilhões, um salto
de 164%.
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