São Paulo, quarta-feira, 11 de agosto de 2004

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RETOMADA

Recursos liberados pelo banco cresceram 37% até o mês de julho; empresas de pequeno porte do setor puxaram alta

Agropecuária eleva desembolsos do BNDES

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

Os recursos liberados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) tiveram um aumento de 37% nos primeiros sete meses deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado, somando R$ 19,15 bilhões (40,5% do total previsto para 2004). Grande parte desse aumento percentual deve-se ao setor agropecuário, que, por sua vez, cresceu devido a desembolsos a micro, pequenas e médias empresas.
A agropecuária teve R$ 3,9 bilhões de recursos liberados até julho deste ano, acumulando um aumento de 74% em relação ao mesmo período de 2003. Esse foi o maior percentual de todos os setores da economia que recebem financiamentos do BNDES. Desse total, R$ 3,7 bilhões foram para micro, pequenas e médias empresas, de agropecuária, além de pessoas físicas, representando 94,5% dos desembolsos.
"Elas tiveram um desempenho quase espetacular", afirmou o superintendente da Área de Planejamento do BNDES, Maurício Piccinini. Há duas semanas, o presidente do banco, Carlos Lessa, reclamou da falta de projetos apresentados por grandes empresas. "Tudo no BNDES está indo bem, menos grandes projetos, que têm chegado a conta-gotas e numa imensa e terrível lentidão", disse.
"Apesar de não estarmos recebendo projetos de grandes empresas no ritmo esperado, o objetivo do banco é promover o desenvolvimento com geração de emprego e as empresas menores são geradoras de empregos", afirmou ontem Piccinini. "O banco foi sempre acusado de o crédito não chegar ao pequeno. O resultado esta aí", completou.
Entre as empresas de menor porte, o número de operações de desembolso do banco foi de 81.711, atingindo 95% do total do período, resultado 46% superior ao registrado entre janeiro e julho do ano passado.
Isso não significa que os desembolsos a grande empresas tenham diminuído. Como se tratam de financiamentos de maiores vultos, R$ 12,2 bilhões do total de R$ 19,15 bilhões desembolsados, ou seja, 64% foram para as maiores empresas, representando um aumento de 38% em relação ao mesmo período do ano passado. As de menor porte receberam R$ 6,8 bilhões, um aumento de 35%.
Enquanto as micro, pequenas e médias se concentram mais no setor agropecuário, as grandes estão no setor industrial e de infra-estrutura, que registraram altas de 33% e 43% respectivamente.
Os desembolsos para empresas exportadoras registraram alta de 57% no período analisado, num total de US$, 2,06 bilhões (cerca de R$ 6,18 bilhões).
Os maiores valores, US$ 895 milhões, foram para o setor chamado de "outros equipamentos de transporte". "São basicamente os desembolsos para a Embraer", disse Piccinini.
No ramo de veículos automotores para exportação, com US$ 453 milhões (196% de aumento), os destaques, segundo o superintendente do BNDES, são Ford, GM e Renault.
O setor de construção registrou o segundo maior aumento percentual (153%), com desembolsos de US$ 143 milhões. Nessa área, as empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez são as campeãs. "São obras de engenharia que elas estão tocando em outros países", disse Piccinini.
Também apresentaram desempenho positivo as aprovações, enquadramentos e consultas ao banco, estágios anteriores aos desembolsos. As aprovações aumentaram 49%, chegando a R$ 19,8 bilhões, contra R$ 13,3 bilhões em igual período de 2003. Os enquadramentos totalizaram R$ 34,4 bilhões, valor 125% maior do que os R$ 15,3 bilhões do ano passado. As consultas, que indicam a disposição do empresariado em realizar investimentos, somaram R$ 49,6 bilhões, um salto de 164%.


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