São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

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MERCADO ABERTO

Real forte afeta planos da Rhodia

A valorização excessiva do real em relação ao dólar já começa a afetar os planos de investimentos de grandes empresas. Na Rhodia, por exemplo, uma das gigantes da área química do mundo, as vendas caíram em julho e, se o mercado não se recuperar, a empresa pode ter de reduzir os investimentos programados para este ano no Brasil.
Segundo Walter Cirillo, presidente da Rhodia América Latina, em julho, as vendas em volume da companhia caíram 10% no Brasil em relação à média mensal do primeiro semestre. Em valores, a queda foi de 15%. O pior é que, no primeiro semestre as vendas haviam subido 10%. Em agosto, pelo menos até agora, não há sinais de recuperação. "Acendeu o sinal amarelo."
A Rhodia tinha programado para este ano um total de US$ 40 milhões em investimentos, o maior valor dos últimos 15 anos. "Há uma boa chance de se realizar esse investimento, mas há também uma boa chance de não se realizar", afirma Cirillo. Se o mercado continuar em queda, a empresa deve reduzir o investimento para algo entre US$ 25 milhões e US$ 30 milhões, a média dos últimos anos.
Cirillo culpa essencialmente o câmbio pela queda nas vendas. Alguns clientes importantes da empresa, principalmente dos setores de calçados e de madeira, sofreram uma baixa significativa nas exportações e estão cortando suas encomendas. Cirillo acha que a crise política no país não tem influência sobre a piora no mercado nos últimos dois meses. "O câmbio acaba com a competitividade da empresa", afirma.
O dólar não pára de baixar. Ontem, a moeda americana caiu pelo segundo dia consecutivo e fechou com a menor cotação desde 10 de abril de 2002, a R$ 2,280. Segundo Cirillo, a queda nas vendas começou a ser sentida quando o dólar atingiu R$ 2,50, o que significa que a perspectiva não é muito animadora, diante do atual patamar do câmbio.

EFEITO NOVA LEI
Pesquisa da KPMG com as mil maiores empresas do país em julho revela que 74% já consideraram se submeter a uma reestruturação operacional, financeira e societária, embora só metade tenha passado pelo processo. "É um dado positivo, dentro do contexto de novos mecanismos oferecidos na Lei de Falências [entrou em vigor em junho]. Começa-se a se entender que crises são situações típicas no ciclo de uma companhia", diz Salvatore Milanese, da área de reestruturação de empresas da KPMG.

NO INTERIOR
Mogi das Cruzes entrará no circuito das sedes de empresas de call center. A Telefutura, que tem como sócios o Bank Boston e a Votorantin Celulose e Papel, deve investir R$ 15 milhões para começar a operar na cidade até dezembro e contratar cerca de 3.500 funcionários em um ano.

PENHOR
As aplicações de micropenhor da CEF já superam 2 milhões de operações, com um volume acumulado de R$ 491,6 milhões.

ANÁLISE DE MERCADO
A evolução de colheitas e do próprio mercado nos últimos meses tem colaborado para a melhora das projeções de preços das principais commodities não-metálicas em 2005, segundo o instituto britânico Economist Intelligence Unit. O índice de preços que ela calcula com 15 commodities entre bebidas, rações e alimentos deve fechar o ano com queda de 0,6%, resultado melhor que a estimativa realizada há três meses (-7,5%). Na divisão da previsão por segmentos, o instituto prevê que dois deles, o de bebidas (alta projetada de 27%) e o de açúcar (24,8%) compensem o resultado negativo dos demais -o de grãos e o de sementes de oleaginosas. Para 2006 e 2007, porém, esse movimento deve mudar.

DIVERSIFICAÇÃO
A Bunge decidiu reestruturar sua área de óleos vegetais e lançará dois novos produtos, além de novas embalagens.

PARTICIPAÇÃO
O Carrefour encerrou junho com aumento de dois pontos percentuais em participação de mercado no país, com 25%.

LANÇAMENTO
As características de pessoas que atuaram em momentos de transição, como Henry Ford, Amador Aguiar e Zilda Arns, são tratadas em "Figura de Transição - O poder de mudar gerações" (Campus/Elsevier). O livro, do presidente da FranklinCovey no Brasil, Paulo Kretly, será lançado hoje em SP.

POLÍTICA SOCIAL
A Faap e o Instituto Fernand Braudel de Economia promovem nos dias 25 e 26 conferência sobre "Política Social no Brasil". Um dos participantes é o norte-americano Peter H. Lindert, um dos maiores especialistas do mundo em gastos públicos.

ARTE EM SP
Os principais antiquários e galerias de arte do país estarão representados com parte de seus acervos na 12ª edição do Salão de Arte e Antigüidades, em São Paulo, que abre para o público no sábado e vai até o dia 21 deste mês. Entre as atrações em exposição no clube A Hebraica estão duas telas, uma de Portinari e outra de Di Cavalcanti, ambas dos anos 30 e avaliadas em R$ 1 milhão cada uma, segundo Vera Chaccur Chadad, uma das organizadoras do evento -a outra é Ariane Elkins Juliani. As peças em exposição incluem de obras da arte moderna e contemporânea a documentos raros e as últimas criações dos principais designers de jóias do país. No total, serão 115 estandes de 80 expositores no evento, que prevê ainda leilões e palestras.


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