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BEBIDAS
Empresa promove dois reajustes desde dezembro do ano passado e obtém resultados melhores no primeiro semestre
AmBev eleva preço, mas vende e lucra mais
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Dona das marcas Skol, Brahma
e Antarctica, a AmBev reajustou
seus preços duas vezes desde dezembro do ano passado. Mesmo
assim, o consumidor continuou a
comprar as cervejas, e o faturamento da empresa voltou a subir.
A receita líquida de abril a junho
cresceu 69,8% sobre 2004. O lucro
aumentou 15% no período, turbinado pelas novas tabelas de preços e por bons resultados das fábricas no exterior.
Por outro lado, numa análise
dos dados semestrais, as perdas
com a variação cambial e com as
provisões no começo do ano tiveram impacto negativo sobre o lucro, que caiu 21% (de R$ 570,1 milhões, de janeiro a junho de 2004,
para R$ 449,4 milhões neste ano).
A utilização do mecanismo de
hedge (proteção cambial) teve
impacto nesses números do semestre. A companhia "comprou"
dólar a R$ 3 para este ano, na expectativa de que a moeda americana pudesse se valorizar.
A cervejaria tem a moeda em
caixa por causa das dívidas contraídas no exterior. Como o dólar
hoje está cotado a R$ 2,28, a aposta foi equivocada.
Para o primeiro trimestre de
2006, os contratos de hedge feitos
pela companhia já estão com um
dólar mais baixo, a R$ 2,57.
Mesmo com a retração do lucro
verificada de janeiro a junho, a
análise feita por especialistas é positiva para a empresa neste ano.
"A AmBev tem um grande portfólio de marcas, e eventuais quedas na demanda por uma categoria de produto podem ser compensadas por ganhos em outras",
afirma Gustavo Hungria, analista
do banco Pactual.
"O Ebitda [geração de caixa] da
empresa cresceu neste ano, e a dívida total caiu de março para cá, o
que coloca a AmBev em uma situação confortável", diz.
Crise e segundo semestre
Na operação do grupo no Brasil,
o comando da companhia fez
questão de destacar os ganhos financeiros com o reajuste de preços das cervejas fabricadas.
"Ressaltamos o mérito de nossa
equipe de vendas e marketing,
que conseguiu pela primeira vez
[a AmBev foi criada há cinco
anos] preservar nossa participação de mercado estável depois da
execução de um aumento de preços", diz em comunicado.
Aconteceram aumentos em dezembro, de 5%, nas cervejas produzidas pela AmBev. Em abril, a
alta foi de 6%, no chope. Remarcações tendem a afastar o consumidor da gôndola e a rejeitar o
produto, numa reação imediata
logo após o aumento. Isso pode
não ter acontecido agora.
"Estamos muito felizes com isso", repetiu por vezes João Castro
Neves, diretor financeiro da companhia de bebidas. "A renda permanece comprimida, mas o consumidor percebeu o valor da marca na hora de adquirir a mercadoria", completa o diretor.
Não foram só as marcas da AmBev que tiveram aumento no volume vendido após as remarcações. A Schincariol fez "reajustes
pontuais" neste ano, informou a
empresa à Folha, e ganhou mercado (leia texto ao lado).
Neves acredita que este semestre não deve ser um "período fácil". "O que entra aí é a história da
comparação. Tivemos bons resultados no período de julho a dezembro de 2004 e é mais difícil ter
taxas de expansão tão altas." Ele
também descarta a possibilidade
de retração nas vendas por conta
de respingos da crise política na
confiança do consumidor.
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