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Violência reduz confiança do consumidor
Para Fecomercio SP, queda de 4,5% em indicador entre julho e agosto é reflexo de ataques no Estado de São Paulo
Índice é o mais baixo em
nove meses; otimismo com
a atual situação econômica
caiu mais que expectativa
futura dos paulistas
ERNANE GUIMARÃES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Fecomercio SP (Federação
do Comércio do Estado de São
Paulo) divulgou ontem que seu
Índice de Confiança do Consumidor caiu 4,5% entre julho e
agosto. A federação interpreta a
queda como reflexo dos episódios de violência no Estado.
A pesquisa foi feita ao longo
do mês passado e na primeira
semana deste mês. A chamada
"segunda onda" de ataques
atribuídas ao PCC (Primeiro
Comando da Capital) a ônibus,
bancos e forças de segurança
começou em 11 de julho.
O índice de confiança, 128,6
numa escala de 0 a 200, é o
mais baixo desde dezembro.
Outra queda forte veio em junho: o índice recuou 2,9% ante
maio, mês de rebeliões simultâneas em presídios paulistas e
da primeira onda de violência.
Segundo Fernanda Della Rosa, da Fecomercio SP, as entrevistas realizadas na semana
após os ataques apresentaram
os resultados mais baixos.
"A violência tem impacto
maior na percepção do presente", disse Della Rosa. De fato, o
Índice das Condições Econômicas Atuais caiu mais no mês
-6,3%, para 120,3- do que o
Índice de Expectativas do Consumidor, que estima a confiança com o futuro da economia e
caiu 3,3%, a 134,2.
Claudio Felisoni, do Provar
(Programa de Administração
de Varejo), da Fundação Instituto de Administração, concordou com o impacto da violência
na atitude do consumidor. "Há
dados que podem corroborar
essa tese", disse.
Segundo Felisoni, o "tímido"
crescimento na disposição do
consumidor aferida pelo Provar em relação a 2005 pode ter
a ver com um maior comprometimento da renda, com dificuldades para a compra, mas
também com a insegurança.
Felisoni citou um estudo sobre shoppings (desenvolvido
pelo Provar e pela consultoria
Canal Varejo) segundo o qual
em maio "segurança" recebeu a
maior nota (9,19 de 10) entre os
motivos para freqüentar esses
centros comerciais. "As pessoas de baixa renda, mesmo
não consumindo, freqüentam
shoppings para lazer, e isso tem
a ver com segurança."
Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo,
por outro lado, disse que "a sensação é que a cidade mantém
sua rotina". Para ele, o consumidor é afetado pela violência
de modo mais prático: "O que a
gente detectou é que, quando
[um ataque] afeta o sistema de
transporte, há impacto nas
vendas. A queda é proporcional
à intensidade e duração do problema no transporte".
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