São Paulo, sexta-feira, 11 de agosto de 2006

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Violência reduz confiança do consumidor

Para Fecomercio SP, queda de 4,5% em indicador entre julho e agosto é reflexo de ataques no Estado de São Paulo

Índice é o mais baixo em nove meses; otimismo com a atual situação econômica caiu mais que expectativa futura dos paulistas


ERNANE GUIMARÃES NETO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) divulgou ontem que seu Índice de Confiança do Consumidor caiu 4,5% entre julho e agosto. A federação interpreta a queda como reflexo dos episódios de violência no Estado.
A pesquisa foi feita ao longo do mês passado e na primeira semana deste mês. A chamada "segunda onda" de ataques atribuídas ao PCC (Primeiro Comando da Capital) a ônibus, bancos e forças de segurança começou em 11 de julho.
O índice de confiança, 128,6 numa escala de 0 a 200, é o mais baixo desde dezembro. Outra queda forte veio em junho: o índice recuou 2,9% ante maio, mês de rebeliões simultâneas em presídios paulistas e da primeira onda de violência.
Segundo Fernanda Della Rosa, da Fecomercio SP, as entrevistas realizadas na semana após os ataques apresentaram os resultados mais baixos.
"A violência tem impacto maior na percepção do presente", disse Della Rosa. De fato, o Índice das Condições Econômicas Atuais caiu mais no mês -6,3%, para 120,3- do que o Índice de Expectativas do Consumidor, que estima a confiança com o futuro da economia e caiu 3,3%, a 134,2.
Claudio Felisoni, do Provar (Programa de Administração de Varejo), da Fundação Instituto de Administração, concordou com o impacto da violência na atitude do consumidor. "Há dados que podem corroborar essa tese", disse.
Segundo Felisoni, o "tímido" crescimento na disposição do consumidor aferida pelo Provar em relação a 2005 pode ter a ver com um maior comprometimento da renda, com dificuldades para a compra, mas também com a insegurança.
Felisoni citou um estudo sobre shoppings (desenvolvido pelo Provar e pela consultoria Canal Varejo) segundo o qual em maio "segurança" recebeu a maior nota (9,19 de 10) entre os motivos para freqüentar esses centros comerciais. "As pessoas de baixa renda, mesmo não consumindo, freqüentam shoppings para lazer, e isso tem a ver com segurança."
Marcel Solimeo, da Associação Comercial de São Paulo, por outro lado, disse que "a sensação é que a cidade mantém sua rotina". Para ele, o consumidor é afetado pela violência de modo mais prático: "O que a gente detectou é que, quando [um ataque] afeta o sistema de transporte, há impacto nas vendas. A queda é proporcional à intensidade e duração do problema no transporte".


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