São Paulo, sábado, 11 de agosto de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bolsas caem de novo, apesar de ação de BCs

BCs europeu, americano e japonês emprestaram mais de US$ 120 bi apenas ontem e mais de US$ 270 bi nos últimos 2 dias

Bolsas européias foram as que mais sofreram, e Londres teve pior queda em mais de quatro anos; no Brasil, Bovespa caiu 1,48%

DA REDAÇÃO

Apesar da intervenção dos bancos centrais dos EUA, da União Européia e do Japão, que colocaram mais de US$ 120 bilhões no mercados financeiros só ontem, as Bolsas mundiais voltaram a ter um dia de queda, sob o efeito das tensões em relação ao mercado de crédito imobiliário americano e suas repercussões no mercado financeiro global.
Nos últimos dois dias, os BCs já injetaram nos mercados mais de US$ 270 bilhões para elevar a liquidez global.
As Bolsas européias foram as que mais sofreram ontem. A de Londres caiu 3,71%, a maior queda em mais de quatro anos. Em Paris, o recuo foi de 3,13%, e, em Frankfurt, de 1,48%.
Nos EUA, os mercados tiveram um dia de forte instabilidade. Os três principais índices das Bolsas dos EUA começaram o dia em forte queda. Mas se recuperaram: o Dow Jones caiu 0,23%, a Nasdaq, 0,45%, e o S&P 500 ficou estável.
No Brasil, a Bovespa teve queda de 1,48%, e o risco-país subiu para 190 pontos, alta de 3,26%. As Bolsas asiáticas também apresentaram fortes quedas. A de Tóquio recuou 2,37%, e a de Hong Kong caiu 2,88%.
Depois de colocar à disposição do mercado financeiro 94,8 bilhões (cerca de US$ 130 bilhões) em uma tentativa de corrigir a falta de liquidez, o BCE (Banco Central Europeu) decidiu emprestar mais 61 bilhões (cerca de US$ 83 bilhões). Nos dois dias seguintes aos ataques terroristas de 11 de Setembro, em 2001, ele emprestou o total de 109 bilhões.
E o Fed (o BC dos EUA) injetou mais US$ 38 bilhões ontem (em três aportes durante o dia) e, em nota, disse que providenciará as reservas necessárias para "facilitar o bom funcionamento dos mercados financeiros". No dia anterior, ele tinha emprestado US$ 24 bilhões.
O banco central japonês (BoJ) anunciou o empréstimo de US$ 8,4 bilhões, e os BCs de Austrália, Canadá, Cingapura, Noruega e Suíça tomaram medidas semelhantes.
O FMI disse que a ação dos BCs deve garantir o ajuste dos mercados e que o atual momento de instabilidade é "administrável" e reflexo de "vulnerabilidades" já alertadas pelo organismo.
A ação do BC americano é considerada, por alguns analistas, como a mais radical já tomada pelo organismo para acalmar os mercados desde o 11 de Setembro. Na ocasião, o então presidente do Fed, Alan Greenspan, realizou reuniões extraordinárias para cortar a taxa de juros. E já há quem especule que seu sucessor, Ben Bernanke, possa fazer o mesmo. Ele está sendo criticado agora por ter minimizado os efeitos da crise imobiliária.
A próxima reunião do Fed está marcada para o dia 18 de setembro, mas, no encontro da última terça-feira, ele manteve a taxa de juros em 5,25% e fez apenas uma breve menção às turbulências dos mercados, iniciadas em 24 de julho.
Desde então, porém, os mercados tiveram dois dias de fortes quedas, afetados por temores sobre o mercado de crédito imobiliário americano, especialmente no "subprime" (créditos de alto risco). Na quinta, as perdas, pelo menos em parte, foram atribuídas ao fato de o banco francês BNP Paribas ter congelado três fundos do setor, sem possibilidade de resgate.
Antes do BNP, o americano Bear Sterns já havia suspendido três fundos de "hedge" por problemas no "subprime". Com os problemas no mercado imobiliário afetando grandes bancos, alguns analistas temem que os fundamentos da economia americana sejam contaminados pela crise.
"Os investidores estão com menos medo dos corpos que já estão flutuando do que daqueles que estão abaixo das ondas e ainda não são vistos", disse ao "Financial Times" o economista Kevin Logan, do banco Dresdner Kleinwort. Segundo o "Wall Street Journal", a SEC (órgão regulador dos EUA) começará a investigar empréstimos no setor imobiliário de grandes bancos como Goldman Sachs e Merril Lynch.


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.