São Paulo, segunda-feira, 11 de agosto de 2008

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Folhainvest

Aluguel de ações é opção em período ruim da Bolsa

Assim como ocorre com imóveis, papéis podem ser locados para outro investidor

Mercado movimentou mais de R$ 220 bi entre janeiro e julho, contra a cifra recorde de R$ 272 bi registrados em todo o ano passado

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Neste período de queda generalizada na Bolsa de Valores, o investidor pode encontrar alternativas para tentar minimizar seus prejuízos. Uma boa oportunidade pode ser o aluguel de ações. Da mesma forma que uma pessoa pode alugar um imóvel que não está utilizando, uma ação é passível de ser locada a outro investidor.
Quem aluga sua ação recebe em troca uma taxa de juros, que varia bastante. Essa taxa é livremente pactuada entre os investidores. Há casos em que o aluguel fica abaixo de 1%, e outros em que supera os 10% anuais, dependendo da procura que houver pelo papel.
Esse mercado teve uma expansão muito significativa nos últimos anos. No fim da década de 90, os giros com essas operações não eram tão expressivos -em 1999, foi movimentado R$ 1,57 bilhão com o aluguel de ações. Mas desde 2004 os montantes cresceram consideravelmente, atingindo no ano passado a cifra recorde de R$ 272,47 bilhões. Neste ano, até julho, já houve R$ 222,29 bilhões em ações alugadas, segundo dados pertencentes à CBLC (Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia).
Para colocar sua ação disponível para locação, o investidor deve primeiramente procurar a corretora ou o banco por meio do qual costuma realizar suas operações no mercado acionário. Após isso, a instituição financeira entra em contato com a CBLC, que, por meio do banco de títulos que mantém, faz a intermediação entre as partes interessadas.
O banco de títulos da CBLC é como uma vitrine, na qual são expostas as ações que estão disponíveis para locação e os investidores que querem adquirir os papéis. Dessa forma, é possível casar e concretizar as operações de locação.
"É uma operação interessante para aqueles que vão manter as ações no longo prazo. Para a pessoa física, o melhor é entrar na ponta doadora. Na ponta tomadora, a operação fica mais complicada", afirma Rodrigo Bresser-Pereira, sócio-diretor da Bresser Asset Management. "Esse mercado ainda vai continuar crescendo, sem dúvida", diz Bresser-Pereira.
Nesse tipo de operação, o investidor pode atuar tanto na ponta doadora, disponibilizando suas ações, como na tomadora, locando papéis. O negócio sempre tem um prazo de vencimento, que é quando o tomador devolve a ação que alugou.
A pessoa física tem uma participação relevante na ponta doadora. Em junho, a categoria respondeu por 23,57% do total nesse segmento. Já na ponta tomadora, a sua participação é limitada, ficando em apenas 2,22% do total. Quem mais toma papéis alugados são os fundos, que respondem por 40,22% do total. Logo atrás aparecem os investidores estrangeiros, com 36,59%.
Se o pequeno investidor tiver uma quantidade muito pequena de ações, poderá encontrar mais dificuldades para conseguir colocá-las no mercado para alugar. Por isso, é relevante sempre se informar antes na corretora com a qual opera. Os fundos, que são os maiores tomadores, costumam demandar lotes grandes de ações. Mas sempre há a possibilidade de a corretora juntar papéis de vários aplicadores para montar um lote maior.
Para quem está na ponta doadora, não há o risco de perder a sua ação. Além de a CBLC intermediar as operações, o tomador tem que realizar um depósito, chamado de margem de garantia, como forma de proteger o negócio.
Muitas vezes quem aluga uma ação está precisando dela apenas para o curto prazo. Se o tomador precisa entregar a outro investidor uma ação que ele não tem, poderá alugá-la e resolver esse problema. Depois, compra outra para devolver. E, caso o momento da Bolsa de Valores seja de queda -como o atual-, ele poderá até conseguir um papel igual por um preço menor no mercado na hora e devolvê-lo ao doador quando a operação vencer.


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