São Paulo, terça-feira, 11 de agosto de 2009

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Setor de caminhões e ônibus ainda reduz vagas

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

Montadoras de caminhões e ônibus instaladas no Brasil continuam a adotar medidas para cortar funcionários e reduzir o ritmo de produção devido à queda nas vendas. As fabricantes ainda sofrem com a retração do mercado gerada pela crise internacional, que derrubou principalmente as exportações de veículos pesados.
A Mecedes-Benz, que ocupa o primeiro lugar entre as fabricantes de ônibus e o segundo em caminhões, mantém aberto desde fevereiro um PDV (Programa de Demissão Voluntária) na sua unidade de São Bernardo do Campo (SP).
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos, o PDV, que sofreu três prorrogações, já resultou na saída de pelo menos 1.300 funcionários (todos aposentados), o que representa uma redução de cerca de 10% no quadro de empregados da fábrica. Só neste ano a empresa realizou 17 paralisações, totais e parciais, de sua produção.
A Scania, que também está instalada em São Bernardo do Campo, é outra montadora do setor com PDV aberto -o segundo no ano. Em julho, a empresa teve dez dias de férias coletivas e, atualmente, mantém "um grupo" de funcionários em licença remunerada, afirmou a sua assessoria.
De acordo com um funcionário do setor de caminhões da Scania, que pediu anonimato, a montadora produz hoje 35 desses veículos por dia. Há apenas um turno de trabalho no setor, em que atuam 29 pessoas. Antes da crise, eram dois turnos com 71 funcionários, que chegaram a produzir até 96 unidades por dia.
Na Volvo, que produz caminhões e ônibus no Paraná, as mais recentes férias coletivas terminaram há uma semana. A empresa também encerrou recentemente, em 31 de julho, o primeiro PDV aberto em 2009.
Como contrapartida ao incentivo dado pelo governo na redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), as montadoras se comprometeram a não fazer cortes de emprego -com exceção de PDVs.
Diferentemente do que ocorreu com os automóveis, que registram recordes seguidos de vendas, o benefício fiscal não foi suficiente para promover a recuperação do setor de caminhões e ônibus, apesar de as vendas internas terem aumentado nos últimos meses.
Na comparação entre os sete primeiros meses de 2008 e 2009, a produção de caminhões caiu 33,5%, e a de ônibus, 29%. "As empresas voltadas para o mercado interno estão conseguindo atravessar bem. Já para quem depende de exportações, que é o caso do setor de caminhões e ônibus, o cenário [atual] deve seguir até o final do ano", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre.


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