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Acordo pode recuperar economias
DO ENVIADO ESPECIAL A CANCÚN
A OMC (Organização Mundial
do Comércio) abriu ontem sua 5ª
Conferência Ministerial tocando
uma antiga canção: a de que compromissos com a liberdade de comércio ajudarão a economia
mundial a "entrar em cheio na rota de recuperação sustentada",
como disse o diretor-geral da instituição, o tailandês Supachai Panitchpakdi.
Para o diretor-geral, a escolha a
ser feita em Cancún é: "Ou continuamos a fortalecer o sistema
multilateral de comércio e a economia mundial, ou vacilamos e
aumentamos as incertezas predominantes".
A idéia de que livre comércio e
crescimento econômico andam
de mãos dadas ganhou um reforço em 1999, com o fracasso da
reunião ministerial da OMC em
Seattle (Estados Unidos).
Logo em seguida, a economia
norte-americana começou a patinar e arrastou o resto do mundo.
Se houve ou não relação direta de
causa e efeito entre uma coisa e
outra, não está cientificamente estabelecido.
A sessão inaugural bateu também na tecla de que há um vínculo entre redução da pobreza e liberalização comercial, tese que a
maioria das ONGs (organizações
não-governamentais) rejeita firmemente.
Tanto rejeita que um grupo de
cerca de 60 militantes delas levantou-se quando Panitchpakdi começou a falar na sessão inaugural,
muitos com tarjas pretas na boca,
e todos com cartazes atacando a
OMC -ou por obsoleta ou por
falta de transparência.
"Queríamos sublinhar o fato de
que a OMC está fadada ao fracasso como organização para trazer
justiça e prosperidade", explica o
brasileiro Marcelo Furtado, do
grupo ambientalista Greenpeace
International.
Pelo menos um dos oradores
comprou as teses das ONGs, embora, como é óbvio, sem criticar a
OMC.
O embaixador brasileiro Rubens Ricupero, diretor-geral da
Unctad (Conferência das Nações
Unidas para Comércio e Desenvolvimento), disse que "a retórica
do comércio mundial está cheia
de promessas. Lamentavelmente,
a realidade do sistema de comércio internacional não coincide
com sua retórica. Em lugar de
mercados livres, há demasiadas
barreiras, que atrofiam, asfixiam
e afogam".
(CR)
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