|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LIÇÕES CONTEMPORÂNEAS
Aumento do emprego formal
ALOIZIO MERCADANTE
O governo do presidente
Lula, com as mudanças realizadas na dinâmica da economia, criou muito mais empregos
formais do que o governo Fernando Henrique Cardoso. Os dados
do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do
Ministério do Trabalho, que registram o saldo líquido das admissões e demissões em cada período, apesar de suas conhecidas
limitações, deixam poucas dúvidas a esse respeito. O governo Lula, em dois anos e meio, gerou
3,134 milhões de novos empregos
formais, quase três vezes mais do
que o governo FHC em oito anos.
É provável que esses dados estejam afetados tanto pelo movimento de precarização do emprego, particularmente intenso no
quadriênio 1995/98, quanto pela
tendência à formalização, associada à expansão do setor exportador, e à intensificação da fiscalização do Ministério do Trabalho durante o governo Lula.
Diferenças na geração líquida
de empregos formais, embora menos acentuadas, são também
constatadas quando se usam os
dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e
da Rais (Relação Anual de Informações Sociais). Comparando
2003, um ano difícil e o último para o qual se tem informações, com
o período FHC, as médias mensais do governo Lula são 65% e
49% mais altas, respectivamente.
As mudanças metodológicas introduzidas em 2002 no Caged podem -como aconteceu com a
pesquisa mensal de emprego do
IBGE- dificultar a comparação
entre os diferentes períodos da série histórica. Uma avaliação mais
precisa dos dados requer, conseqüentemente, elaborações adicionais. Mas isso não altera o quadro de deterioração do emprego
formal na administração FHC.
Essa foi a conseqüência das políticas de abertura comercial, sobrevalorização cambial e elevação da taxa de juros adotadas no
período 1995/98, que provocaram
o crescimento espetacular das importações e desorganizaram a base produtiva interna, levando à
destruição líquida de mais de 1,2
milhão de empregos formais. Essa
trajetória somente recuaria a
partir de 2000, com a recuperação
da economia e, posteriormente,
com o reequilíbrio da balança comercial, que possibilitaram a
criação, no triênio 2000/2, de 2,01
milhões de empregos, o que deixa
um saldo de 796 mil postos criados entre 1995 e 2002 (média de
8.292 postos por mês). Excluindo
2002, o ano da mudança metodológica, o governo FHC gerou, em
sete anos, apenas 34 mil novos
empregos (média mensal de 405
postos). A média do governo Lula,
em 30 meses, é de 104,47 mil postos. Uma diferença dessa ordem
dificilmente pode ser explicada
por eventuais alterações na metodologia de obtenção e registro da
informação.
Em síntese, o padrão de financiamento e crescimento da economia implantado pelo governo Lula possibilitou, apesar da crise
herdada da administração passada, uma expansão maior do PIB
(2,7% em média no biênio 2003/4,
contra 2,32% anuais no período
1995/2002) e um crescimento
muito maior do emprego formal,
qualquer seja o indicador usado
ou o período considerado.
Aloizio Mercadante, 51, é economista e
professor licenciado da PUC e da Unicamp, senador por São Paulo e líder do
governo no Senado Federal.
Internet: www.mercadante.com.br
E-mail -
mercadante@mercadante.com.br
Texto Anterior: Opinião econômica - José Alexandre Scheinkman: Uma reforma do ensino superior que funcionou Próximo Texto: Luís Nassif: Aguardando o maestro Índice
|