São Paulo, domingo, 11 de setembro de 2005

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LIÇÕES CONTEMPORÂNEAS

Aumento do emprego formal

ALOIZIO MERCADANTE

O governo do presidente Lula, com as mudanças realizadas na dinâmica da economia, criou muito mais empregos formais do que o governo Fernando Henrique Cardoso. Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, que registram o saldo líquido das admissões e demissões em cada período, apesar de suas conhecidas limitações, deixam poucas dúvidas a esse respeito. O governo Lula, em dois anos e meio, gerou 3,134 milhões de novos empregos formais, quase três vezes mais do que o governo FHC em oito anos.
É provável que esses dados estejam afetados tanto pelo movimento de precarização do emprego, particularmente intenso no quadriênio 1995/98, quanto pela tendência à formalização, associada à expansão do setor exportador, e à intensificação da fiscalização do Ministério do Trabalho durante o governo Lula.
Diferenças na geração líquida de empregos formais, embora menos acentuadas, são também constatadas quando se usam os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e da Rais (Relação Anual de Informações Sociais). Comparando 2003, um ano difícil e o último para o qual se tem informações, com o período FHC, as médias mensais do governo Lula são 65% e 49% mais altas, respectivamente.
As mudanças metodológicas introduzidas em 2002 no Caged podem -como aconteceu com a pesquisa mensal de emprego do IBGE- dificultar a comparação entre os diferentes períodos da série histórica. Uma avaliação mais precisa dos dados requer, conseqüentemente, elaborações adicionais. Mas isso não altera o quadro de deterioração do emprego formal na administração FHC.
Essa foi a conseqüência das políticas de abertura comercial, sobrevalorização cambial e elevação da taxa de juros adotadas no período 1995/98, que provocaram o crescimento espetacular das importações e desorganizaram a base produtiva interna, levando à destruição líquida de mais de 1,2 milhão de empregos formais. Essa trajetória somente recuaria a partir de 2000, com a recuperação da economia e, posteriormente, com o reequilíbrio da balança comercial, que possibilitaram a criação, no triênio 2000/2, de 2,01 milhões de empregos, o que deixa um saldo de 796 mil postos criados entre 1995 e 2002 (média de 8.292 postos por mês). Excluindo 2002, o ano da mudança metodológica, o governo FHC gerou, em sete anos, apenas 34 mil novos empregos (média mensal de 405 postos). A média do governo Lula, em 30 meses, é de 104,47 mil postos. Uma diferença dessa ordem dificilmente pode ser explicada por eventuais alterações na metodologia de obtenção e registro da informação.
Em síntese, o padrão de financiamento e crescimento da economia implantado pelo governo Lula possibilitou, apesar da crise herdada da administração passada, uma expansão maior do PIB (2,7% em média no biênio 2003/4, contra 2,32% anuais no período 1995/2002) e um crescimento muito maior do emprego formal, qualquer seja o indicador usado ou o período considerado.


Aloizio Mercadante, 51, é economista e professor licenciado da PUC e da Unicamp, senador por São Paulo e líder do governo no Senado Federal.

Internet: www.mercadante.com.br

E-mail -
mercadante@mercadante.com.br


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