São Paulo, domingo, 11 de setembro de 2005

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NOVOS MERCADOS

Feira com 150 empresários brasileiros tem o objetivo de diversificar pauta de exportação para o país árabe

Brasil quer aumentar vendas ao Iraque

CÍNTIA CARDOSO
ENVIADA ESPECIAL A AMÃ

A feira "Brasil na Reconstrução do Iraque", que começa amanhã em Amã e vai até quarta-feira, leva à capital jordaniana representantes de 18 setores industriais brasileiros.
A missão da caravana de 150 empresários brasileiros que chega à capital da Jordânia é tentar diminuir o alto grau de concentração do comércio entre o Brasil e o Iraque, atualmente centrado em apenas três produtos.
"Nosso maior objetivo é diversificar o comércio. Hoje, 80% das vendas brasileiras são de açúcar e carnes congeladas, especialmente frango. E o Brasil só importa do Iraque óleos brutos de petróleo", diz Juan Quirós, presidente da Apex (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos).
Do lado árabe, estão cadastrados 3.400 compradores, tanto do Iraque como de países vizinhos. Do lado brasileiro, as empresas participantes oferecem os mais diversos produtos .
Na parte de alimentação, há a apresentação de estandes de suprimentos básicos como açúcar, leite em pó e polpa de frutas.
Já na parte de infra-estrutura, principal filão em que os exportadores brasileiros pretendem se inserir, destacam-se artigos de construção como cimento, vergalhões e cerâmicas.
Há espaço, porém, para bens de consumo como roupas íntimas masculinas e femininas e cosméticos capilares.
A Jordânia é, ao lado da Turquia, uma das principais vias de entrada de produtos estrangeiros no Iraque. Por esse motivo, foi escolhida como local para a feira e também porque a insegurança no Iraque não permitiria a organização de uma feira internacional. Segundo a Apex, foram oito meses de preparação para o evento, que está sendo anunciado na TV iraquiana e nos jornais que circulam no país.

Pauta concentrada
Durante os dias da feira, os brasileiros e os compradores iraquianos vão se reunir para estabelecer meios de acertar vendas diretas.
A principal razão para a baixa diversidade comercial entre iraquianos é que, hoje, as negociações estão nas mãos de tradings encarregadas da compra de mercadorias de 35 empresas brasileiras. Para o exportador brasileiro, é mais prático deixas as negociações nas mãos dessas companhias, que se encarregam de todos os trâmites burocráticos e de todas as complicações logísticas que envolvem a exportação para o Iraque, um país com graves problemas de segurança.
O problema, entretanto, é que essas tradings são especializadas na compra de poucos produtos, o que impede que a pauta exportadora para o Iraque se diversifique. O resultado é um saldo acumulado no ano negativo em aproximadamente US$ 170 milhões. Entre janeiro e julho deste ano, afirma Quirós, o Brasil exportou apenas US$ 9 milhões, uma queda de 85% em relação ao mesmo período do ano passado.
Outra situação que dificulta o incremento do comércio usando tradings é o encarecimento dos produtos. Em geral, uma trading americana ou européia compra o produto brasileiro e o revende para um país árabe, que só depois o vende para o Iraque.


A jornalista Cíntia Cardoso viaja a convite da Apex

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