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Brasileiras usam país como base para negociação com asiáticos
DA ENVIADA A CINGAPURA
Os negócios de Cingapura já estão presentes na economia brasileira, principalmente no setor de
refino de petróleo. A ilha é um dos
principais centros de refino da
Ásia. O país importa petróleo do
Oriente Médio, processa e reexporta para outras regiões.
"A maior parte dos embarques
de gasolina e óleo combustível do
Brasil para Cingapura segue para
outros países asiáticos", afirma
Eduardo Autran, diretor da representação da Petrobras no país.
Segundo ele, atualmente a estatal
trabalha em parcerias para a
construção de novas plataformas
com investidores de Cingapura.
A Keppel Fels, que possui negócios com a Petrobras, é proprietária do estaleiro Brasfels no Rio.
Outra empresa, a Jurong Shipyard, controla o estaleiro Mauá
Jurong em Niterói. A Petra Foods
possui um processadora de cacau
no sul da Bahia, a Flextronics,
uma fábrica de eletrônicos em
Manaus, e a Cimelia, uma recicladora de eletrônicos em São Paulo.
Além da Petrobras, possuem representações em Cingapura a
Embraer, a Sadia e a Perdigão, entre outras empresas. "Cingapura é
um do nossos importadores mais
importantes na Ásia e é nossa base regional para atender a China e
países do sudeste asiático", afirma
Marta Ikeda, diretora do escritório de representação da Perdigão
em Cingapura.
"Cerca de 80% do frango consumido em Cingapura é brasileiro.
Mas o mais importante não é o
mercado interno, mas o fato de
que o país é uma porta de entrada
para a Ásia", afirma o embaixador do Brasil em Cingapura, João
Gualberto Marques Porto Júnior.
Além de entreposto comercial
que abriga o maior porto do mundo em tonelagem, com capacidade para processar 60 mil contêineres ao dia, Cingapura é também
um importante centro financeiro.
O país é quase totalmente livre de
tarifas. Os únicos produtos taxados são bebidas alcóolicas e cigarros, por questão de saúde pública.
As operações financeiras também são livres de taxação. Por isso, a Receita Federal brasileira
classifica Cingapura como um paraíso fiscal, o que torna as operações financeiras e de comércio
com o país mais caras, já que o
Brasil aplica sobretaxa para operações vindas de paraísos fiscais.
"Isso faz com que as empresas
brasileiras que queriam se instalar
em Cingapura tenham mais despesas ao enviar os lucros para o
Brasil", segundo Stavinder Singh,
da Agência de Desenvolvimento
de Cingapura.
Na avaliação do vice-presidente
da Associação Brasileira de Comércio Exterior, José Augusto de
Castro Neves, a classificação da
Receita Federal dificulta, mas não
impede os negócios. "Acredito
que quem quer fazer negócios em
Cingapura abre uma empresa lá.
Quem perde é o governo, que,
além de não arrecadar, perde as
dívidas que ficam por lá", afirma.
Abrir uma empresa em Cingapura leva 15 minutos e é um procedimento feito on-line.
De acordo com o embaixador
brasileiro, o Brasil é um dos poucos países que classificam Cingapura como paraíso fiscal. "Nem
na lista dos paraísos fiscais da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) Cingapura consta", afirma.
"Há transparência nos trâmites
burocráticos e comerciais e um
arcabouço jurídico voltado para
os negócios", afirma. (CD)
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