São Paulo, domingo, 11 de setembro de 2005

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Brasileiras usam país como base para negociação com asiáticos

DA ENVIADA A CINGAPURA

Os negócios de Cingapura já estão presentes na economia brasileira, principalmente no setor de refino de petróleo. A ilha é um dos principais centros de refino da Ásia. O país importa petróleo do Oriente Médio, processa e reexporta para outras regiões.
"A maior parte dos embarques de gasolina e óleo combustível do Brasil para Cingapura segue para outros países asiáticos", afirma Eduardo Autran, diretor da representação da Petrobras no país. Segundo ele, atualmente a estatal trabalha em parcerias para a construção de novas plataformas com investidores de Cingapura.
A Keppel Fels, que possui negócios com a Petrobras, é proprietária do estaleiro Brasfels no Rio. Outra empresa, a Jurong Shipyard, controla o estaleiro Mauá Jurong em Niterói. A Petra Foods possui um processadora de cacau no sul da Bahia, a Flextronics, uma fábrica de eletrônicos em Manaus, e a Cimelia, uma recicladora de eletrônicos em São Paulo.
Além da Petrobras, possuem representações em Cingapura a Embraer, a Sadia e a Perdigão, entre outras empresas. "Cingapura é um do nossos importadores mais importantes na Ásia e é nossa base regional para atender a China e países do sudeste asiático", afirma Marta Ikeda, diretora do escritório de representação da Perdigão em Cingapura.
"Cerca de 80% do frango consumido em Cingapura é brasileiro. Mas o mais importante não é o mercado interno, mas o fato de que o país é uma porta de entrada para a Ásia", afirma o embaixador do Brasil em Cingapura, João Gualberto Marques Porto Júnior.
Além de entreposto comercial que abriga o maior porto do mundo em tonelagem, com capacidade para processar 60 mil contêineres ao dia, Cingapura é também um importante centro financeiro. O país é quase totalmente livre de tarifas. Os únicos produtos taxados são bebidas alcóolicas e cigarros, por questão de saúde pública.
As operações financeiras também são livres de taxação. Por isso, a Receita Federal brasileira classifica Cingapura como um paraíso fiscal, o que torna as operações financeiras e de comércio com o país mais caras, já que o Brasil aplica sobretaxa para operações vindas de paraísos fiscais.
"Isso faz com que as empresas brasileiras que queriam se instalar em Cingapura tenham mais despesas ao enviar os lucros para o Brasil", segundo Stavinder Singh, da Agência de Desenvolvimento de Cingapura.
Na avaliação do vice-presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior, José Augusto de Castro Neves, a classificação da Receita Federal dificulta, mas não impede os negócios. "Acredito que quem quer fazer negócios em Cingapura abre uma empresa lá. Quem perde é o governo, que, além de não arrecadar, perde as dívidas que ficam por lá", afirma. Abrir uma empresa em Cingapura leva 15 minutos e é um procedimento feito on-line.
De acordo com o embaixador brasileiro, o Brasil é um dos poucos países que classificam Cingapura como paraíso fiscal. "Nem na lista dos paraísos fiscais da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) Cingapura consta", afirma. "Há transparência nos trâmites burocráticos e comerciais e um arcabouço jurídico voltado para os negócios", afirma. (CD)

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