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Presidente anuncia carro feito só de álcool
DO ENVIADO ESPECIAL A HELSINQUE
O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva levou ontem
sua cruzada pelos biocombustíveis à Finlândia, primeira etapa de uma viagem
pelos quatro países nórdicos,
todos sempre considerados
de grande correção política e
ambiental.
Por isso, o presidente tocou música aos ouvidos finlandeses, ao informar, em
palestra de encerramento de
seminário empresarial, que o
Brasil logo terá "o primeiro
carro verde, com todas as peças de plástico derivado do
etanol, em vez de petróleo".
Em troca, ganhou de Tarja
Halonen, a presidente finlandesa, o reconhecimento
do interesse de seu país pelo
desenvolvimento, no Brasil,
do álcool e mais genericamente dos biocombustíveis.
Mas Lula foi obrigado,
mais uma vez, a contestar
crescentes suspeitas de que o
plantio de sementes que permitam fabricar biocombustíveis acabe ocupando a área
destinada a alimentos ou
derrubando florestas.
"É perfeitamente possível
conciliar a produção de alimentos com a produção de
biocombustíveis", afirmou
Lula, para citar dados: a área
agricultável, no Brasil, chega,
segundo o presidente, a 383
milhões de hectares, dos
quais apenas 1% fica para a
cana-de-açúcar, hoje a principal cultura para a produção
de álcool.
Investimento
O presidente Lula disse
também que a prova da compatibilidade entre cultivos
para alimentação e para o álcool está dada pelo fato de
que no Brasil crescem tanto a
produção de alimentos como
a de biodiesel.
Quanto às florestas, mesmo com o aumento da produção de biocombustíveis,
houve queda na derrubada
da ordem de 60% em três
anos, de acordo com os números lançados por Lula aos
empresários e autoridades
finlandesas.
O presidente convidou o
empresariado a investir em
duas diferentes direções. No
Brasil, no próximo passo em
biocombustíveis, que é a produção do álcool celulósico (a
partir de diferentes resíduos
de organismos vivos).
Na América Latina, Caribe
e África, no álcool da cana-de-açúcar, na medida em
que, nessas regiões, o solo e o
clima apresentam condições
favoráveis como ocorre no
Brasil.
Lula repetiu um termo que
vem empregando em todas
as viagens ao exterior, qual
seja: "a revolução dos biocombustíveis". Mas deu a ela
não apenas um sentido ambiental. Lembrou que, também economicamente, é
bom negócio. "O etanol é
competitivo com o [preço
do] petróleo, na faixa de 22
[o equivalente a um barril de
petróleo]", afirmou.
(CR)
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