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Governos antecipam gastos e inflam PIB
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
DA SUCURSAL DO RIO
Em ano de eleições, os governos federal, estaduais e municipais anteciparam gastos no primeiro semestre deste ano e
contribuíram para o ritmo
maior de crescimento da economia. No segundo trimestre, o
consumo do governo cresceu
5,3% em relação a igual período
do ano passado. Na comparação com o primeiro trimestre, a
alta foi de 0,3%.
"Estados e municípios anteciparam as despesas em razão
das limitações de gastos no segundo semestre por conta do
ano eleitoral. Isso influenciou o
resultado, os gastos do governo
vinham crescendo em ritmo
menor", afirmou Rebeca Palis,
gerente de Contas Nacionais
Trimestrais do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Entre os itens que entram nessa conta estão gastos
com publicidade, aumentos de
salários e contratações de funcionários.
Primeiro trimestre
No primeiro semestre, o consumo do governo registrou alta
de 5,6%. No primeiro trimestre, esse indicador já havia tido
alta de 5,8%. Segundo Braulio
Borges, da LCA, o efeito dos
gastos do governo sobre a economia já vinha sendo percebido desde o primeiro semestre.
Ele calcula que, sem a expansão
desse item, o PIB do primeiro
trimestre teria recuado 0,2%.
Se no primeiro trimestre as
contratações e as despesas adicionais contribuíram para a
economia crescer em ritmo
mais acelerado, a expectativa é
que o consumo do governo puxe para baixo os resultados no
segundo trimestre.
"Em ano eleitoral você só pode autorizar gastos novos até
junho. O que fez diferença neste semestre foram os gastos de
Estados e municípios. A arrecadação está permitindo isso, os
impostos estaduais e municipais estão crescendo muito, o
que permite aumento de gastos
sem comprometer o superávit
primário", disse.
Para Raul Velloso, especialista em contas públicas, é difícil
mensurar ainda qual a contribuição da expansão do gasto de
Estados e municípios.
"É mais provável que esteja
ocorrendo reajuste de salário
nas prefeituras para agradar
parte do eleitorado. No governo federal, os reajustes de salário vão começar a ter impacto
somente no segundo semestre.
Se observarmos a dinâmica de
gasto com pessoal, a tendência
é sempre gastar mais no último
ano de mandato, quando o governo está mais fraco", afirmou
Velloso.
Em relação ao governo federal, ele afirma que houve crescimento de 11,8% até julho nos
gastos da União excluindo o pagamento de juros. "O fenômeno que se observa hoje é um
certo freio. Os gastos com pessoal e Previdência crescem
abaixo de dois dígitos, mas há
uma espécie de chaleira aberta
nos gastos de assistência social
e investimentos", disse.
No primeiro semestre, os impostos sobre produtos cresceram 8,3%, um ritmo mais acelerado do que o do PIB, de 6%,
impulsionados por impostos
como ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e
Serviços), IPI (Imposto sobre
Produtos Industrializados) e
impostos de importação.
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