São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Governos antecipam gastos e inflam PIB

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO DA SUCURSAL DO RIO

Em ano de eleições, os governos federal, estaduais e municipais anteciparam gastos no primeiro semestre deste ano e contribuíram para o ritmo maior de crescimento da economia. No segundo trimestre, o consumo do governo cresceu 5,3% em relação a igual período do ano passado. Na comparação com o primeiro trimestre, a alta foi de 0,3%.
"Estados e municípios anteciparam as despesas em razão das limitações de gastos no segundo semestre por conta do ano eleitoral. Isso influenciou o resultado, os gastos do governo vinham crescendo em ritmo menor", afirmou Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Entre os itens que entram nessa conta estão gastos com publicidade, aumentos de salários e contratações de funcionários.

Primeiro trimestre
No primeiro semestre, o consumo do governo registrou alta de 5,6%. No primeiro trimestre, esse indicador já havia tido alta de 5,8%. Segundo Braulio Borges, da LCA, o efeito dos gastos do governo sobre a economia já vinha sendo percebido desde o primeiro semestre. Ele calcula que, sem a expansão desse item, o PIB do primeiro trimestre teria recuado 0,2%.
Se no primeiro trimestre as contratações e as despesas adicionais contribuíram para a economia crescer em ritmo mais acelerado, a expectativa é que o consumo do governo puxe para baixo os resultados no segundo trimestre.
"Em ano eleitoral você só pode autorizar gastos novos até junho. O que fez diferença neste semestre foram os gastos de Estados e municípios. A arrecadação está permitindo isso, os impostos estaduais e municipais estão crescendo muito, o que permite aumento de gastos sem comprometer o superávit primário", disse.
Para Raul Velloso, especialista em contas públicas, é difícil mensurar ainda qual a contribuição da expansão do gasto de Estados e municípios.
"É mais provável que esteja ocorrendo reajuste de salário nas prefeituras para agradar parte do eleitorado. No governo federal, os reajustes de salário vão começar a ter impacto somente no segundo semestre. Se observarmos a dinâmica de gasto com pessoal, a tendência é sempre gastar mais no último ano de mandato, quando o governo está mais fraco", afirmou Velloso.
Em relação ao governo federal, ele afirma que houve crescimento de 11,8% até julho nos gastos da União excluindo o pagamento de juros. "O fenômeno que se observa hoje é um certo freio. Os gastos com pessoal e Previdência crescem abaixo de dois dígitos, mas há uma espécie de chaleira aberta nos gastos de assistência social e investimentos", disse.
No primeiro semestre, os impostos sobre produtos cresceram 8,3%, um ritmo mais acelerado do que o do PIB, de 6%, impulsionados por impostos como ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e impostos de importação.


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