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MERCADO TENSO
Resultado projetado para o ano, de aproximadamente R$ 66 bi, descarta piora neste segundo semestre
Setor público tem déficit de 7,3% do PIB
VIVALDO DE SOUSA
ALEX RIBEIRO
da Sucursal de Brasília
O governo
projeta um déficit público de
7,3% do PIB
(Produto Interno Bruto) em
98, segundo cálculos divulgados ontem pelo Banco Central. Será o pior resultado desde o início
do governo FHC.
Esse resultado é medido pelo
conceito nominal, que inclui os
gastos com a dívida pública, e leva
em conta a meta recém-anunciada
de um superávit primário (excluindo os gastos com juros) para
o governo federal.
Segundo os números anunciados ontem, o déficit piorou de
maio para junho passado. O déficit nominal passou de 6,4% para
7,27% do PIB e o superávit primário caiu de 0,91% para 0,12%.
Se confirmada a projeção do BC
para o déficit nominal do ano,
União, Estados, municípios e estatais fecharão 98 com rombo de
cerca de R$ 66 bilhões.
O diretor de Política Monetária
do BC, Francisco Lopes, divulgou
a estimativa como forma de mostrar que o déficit público não deve
"explodir" nos últimos seis meses
deste ano. De janeiro a junho, o
déficit nominal ficou em R$
32,565 bilhões.
O déficit nominal é um dos principais indicadores da economia do
país e é levado em conta pelos investidores estrangeiros.
Um déficit de 7% do PIB é muito
alto em termos internacionais.
Um patamar de 3,5% do PIB seria
razoável para o país.
A previsão de Lopes considera
que os juros pagos pelo governo
para a rolagem dos seus títulos ficará em 29,75% até dezembro.
Até então, o pior resultado nominal na gestão FHC ocorreu em
1995 (7,28% do PIB). Naquele ano,
porém, a inflação anual ficou em
14,78% pelo IGP-DI. Nos períodos
de inflação alta, os gastos do governo com o pagamento de juros
são maiores. Em 98, a inflação média deverá ficar em 2%.
Pela previsão do BC, os gastos
com juros dos títulos públicos deverão ser de R$ 66,447 bilhões neste ano.
Para o setor público, o BC espera
um superávit primário de apenas
R$ 300 milhões (0,03% do PIB).
Elevação dos juros
Lopes disse que a piora no déficit
nominal até junho é totalmente
explicada pelo impacto da elevação dos juros na dívida pública.
Segundo ele, o governo terá de
buscar superávits primários de
1,5% a 2% do PIB a partir do ano
2000. Para obter esse resultado, o
governo espera aprovar, até o final
deste ano, a reforma da Previdência. Precisa, ainda, prorrogar a cobrança da CPMF, votar uma reforma fiscal e tributária e regulamentar a reforma administrativa.
Sem conseguir aprovar as reformas estruturais, o governo tem de
fazer cortes em gastos essenciais
para controlar as contas públicas,
disse Lopes.
Para dramatizar os exemplos, ele
chegou a citar cortes de verbas para a comida nos presídios. Segundo ele, o governo não gostaria de
reduzir gastos sociais, como foi
feito nesta semana, mas não há
outra alternativa.
Lopes disse que as alternativas
devem ser criadas pelo Congresso
Nacional ao votar as propostas de
reformas constitucionais enviadas
pelo governo. De acordo com ele,
a criação do Comissão de Controle
e Gestão Fiscal deu ao governo
mais poder para reduzir gastos e
atingir as metas fiscais anunciadas.
Nos governos estaduais e municipais, o resultado primário projetado pelo governo para este ano
ainda é deficitário em R$ 2,9 bilhões, ou 0,31% do PIB.
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