São Paulo, sexta, 11 de setembro de 1998

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As duas altas de juros devem custar R$ 18 bi

da Sucursal de Brasília

O Banco Central estima que as duas altas das taxas de juros promovidas pelo governo para defender a estabilidade da moeda -no final de 97 e agora- vão provocar um acréscimo de até R$ 18 bilhões nos gastos com juros da dívida pública, já levando em conta a hipótese de não haver queda das taxas até o final do ano.
Segundo o diretor de Política Monetária do Banco Central, Francisco Lopes, o cenário mais pessimista traçado pela instituição indica que, de setembro a dezembro, haverá um desembolso adicional de R$ 8 bilhões com o pagamento de juros da dívida pública.
Esse cenário leva em consideração a hipótese de que as taxas de juros, elevadas a 29,75% anuais na última sexta-feira, permaneçam altos até dezembro. Lopes estima gastos adicionais de R$ 2 bilhões por mês.
Se essa estimativa pessimista se confirmar, o corte de gastos anunciado nesta semana pelo governo, de R$ 4 bilhões, cobrirá apenas metade da despesa adicional provocada pelo aumento de juros.
Somente até agosto, antes da nova alta da taxa, o governo já desembolsou R$ 10 bilhões, em decorrência do choque de juros promovido em outubro do ano passado, durante a crise asiática.

Déficit
Lopes disse que, em virtude das medidas para enfrentar a crise, a previsão de déficit para 1997 foi elevada a 7,3% do PIB (Produto Interno Bruto, o total de bens e serviços produzidos no país em um ano), em vez de um número na casa dos 5% do PIB. Segundo ele, as duas altas de juros têm impacto de 1,97% do PIB.
"A deterioração fiscal em 1998 se deve basicamente à maior conta de juros que temos de pagar."
A alta da taxa promovida na última sexta-feira terá impacto imediato e integral nos gastos do governo, diferentemente do ano passado, quando o custo do governo foi parcial e absorvido aos poucos.
Em outubro de 1997, parte dos títulos do governo era prefixada, o que provocou divisão do prejuízo com o mercado. Agora, os juros dos papéis são predominantemente pós-fixados.



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