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VAREJO
Supermercados e fabricantes não chegam a acordo
Impasse em negociação pode reduzir variedade de marcas nas prateleiras
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor pode se preparar
para uma drástica redução no número de marcas nas prateleiras.
Redes de supermercado que estiveram reunidas nessa semana
com fabricantes de açúcar, arroz e
massas não conseguiram chegar a
um acordo. Empresas líderes nesses setores querem aumentos nos
preços, a partir de novembro, de
20% a 35%. Essa é a segunda rodada de reajustes depois da proposta pelos fabricantes em setembro, que variava de 8% a 12%.
Ainda não se confirma o risco de
desabastecimento.
Como não houve consenso entre as partes, segundo a Folha
apurou ontem com participantes
das negociações, haverá uma
"limpeza nas prateleiras", com
menos marcas por causa da falta
de acordo. A estratégia do varejo é
a seguinte: caso não exista avanços nas conversas dentro de três
semanas, o espaço nas prateleiras
das marcas líderes deve ser ocupado por fabricantes regionais.
Segundo executivos que estiveram reunidos com as indústrias, a
situação chegou a tal ponto que
não há apenas gerentes de compras e diretores envolvidos nas
conversas. Presidentes de redes
varejistas têm mantido contato
com os donos das empresas para
tentar resolver cordialmente a
questão. Segundo a Folha apurou, a alta cúpula da Nestlé arrematou acordos recentes que estavam empacados.
Há cerca de duas semanas, por
exemplo, o presidente da Adria,
Sérgio Almeida, abandonou o estande da empresa numa feira de
alimentos, no Rio, para uma reunião de emergência em São Paulo.
O assunto: reajuste de preços.
"Trocamos as equipes quando
alguma conversa não dá resultado e já há interferência direta da
presidência", diz o executivo de
uma grande rede varejista.
Nas recentes negociações de
preço entre varejo e indústria, os
bastidores são uma análise à parte. Quando as reuniões entre as
partes para discutir preços acabam, há casos em que a indústria
anuncia que conseguiu repassar o
aumento, como no caso das massas. Mas o varejo nega que os
acordos estejam acontecendo.
Na prática, a questão esbarra
naquilo que o varejo e a indústria
não abrem mão: a margem de lucro, comprimida desde o final de
2000. Ninguém quer vender tendo de reduzir seus ganhos ainda
mais. Por essa razão, logo haverá
menos marcas nas prateleiras.
Outra saída das lojas para driblar a crise, diz o Carrefour, consiste em trocar o produto nacional caro pelo importado mais barato. Isso inverte a regra dos negócios. Em vez de comprar menos mercadorias do exterior
-cobradas em dólar- e encher
as prateleiras só de itens locais, há
uma tentativa de fazer o oposto.
O Carrefour comprou dois milhões de litros de óleo de girassol
da Argentina. O produto irá substituir, temporariamente, o óleo de
soja. A soja é cotada em dólar no
mercado internacional e, por isso,
subiu de preço e chega a custar até
R$ 2,49. No início do ano, estava
em R$ 1,90.
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