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UE investiga incentivos fiscais de espanholas em aquisições
LESLIE CRAWFORD
MARK MULLIGAN
DO "FINANCIAL TIMES", EM MADRI
As maiores empresas da Espanha, que estão envolvidas em
uma onda de aquisições em toda a Europa, podem ser obrigadas a restituir bilhões de euros
em benefícios tributários recebidos. A Comissão Européia (o
braço executivo do bloco) está
investigando se o generoso tratamento fiscal concedido pelo
governo espanhol para aquisições no exterior equivale à assistência estatal ilegal.
Neelie Kroes, a comissária de
Competição da UE, anunciou
ontem que iniciou uma investigação formal sobre o esquema
tributário adotado pela Espanha para aquisições estrangeiras, depois de receber numerosas queixas de empresas européias que foram derrotadas por
grupos espanhóis.
Madri permite, desde 2002,
que as empresas deduzam dos
impostos os ativos intangíveis
derivados de aquisições no exterior, ao longo de um período
de 20 anos. As somas envolvidas são consideráveis.
O Santander, maior banco da
Espanha, detinha ativos intangíveis de 10 bilhões (US$ 14
bilhões), no final de 2004, devido à aquisição do banco britânico Abbey. No final de 2006, o
total ainda era de 8,9 bilhões,
segundo seus balanços anuais.
A Telefónica detinha ativos
intangíveis de 9 bilhões gerados por sua aquisição da operadora de telefonia móvel britânica O2, em 2006, em uma
transação de 27 bilhões. A
Deutsche Telekom, que também estava interessada no grupo britânico, se queixou à Comissão Européia, alegando que
a rival estava sendo beneficiada
por vantagens desleais.
O governo espanhol anunciou ontem que montaria uma
vigorosa defesa de suas políticas tributárias que, acredita,
não devam ser cerceadas por
Bruxelas. "As deduções estão
disponíveis para qualquer empresa domiciliada na Espanha
que realize aquisições no exterior. Não discriminam qualquer setor e, portanto, não podem ser consideradas como assistência estatal", afirmou um
funcionário do Ministério das
Finanças.
A Espanha argumentará
também que, já que a política
tributária da UE não passou
por harmonização, Bruxelas
não tem direito de interferir
com incentivos fiscais.
A alíquota geral do imposto
espanhol sobre as atividades
empresariais cairá para 30%
em 2008, ante 32,5% neste
ano. Para as empresas de pequeno e médio porte, a alíquota
é de 25%. Nos demais países
europeus, os impostos pagos
pelas empresas são muito mais
baixos. "Não criticamos outros
países da UE por reduzirem
suas alíquotas tributárias", disse o funcionário espanhol.
Mas Kroes disse que "muitos
observadores acreditam que
esse esquema ofereça vantagem aos grupos espanhóis na
aquisição de companhias estrangeiras. Abrir uma investigação vai permitir que determinemos se essas preocupações procedem".
No Brasil, a Espanha já é o
segundo maior investidor estrangeiro no país, atrás só dos
EUA. O Santander prevê investir US$ 27 bilhões nos próximos anos, e a Telefônica, outros US$ 7 bilhões até 2010.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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