São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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Sócio vê fracasso no leilão de recompra de ações da Telemar

Investidores estrangeiros rejeitaram a oferta de recompra de papéis preferenciais feita pelos acionistas controladores

Acionistas têm até as 12h de hoje para dizer à Bovespa se aceitam vender suas ações para os controladores, ao preço fixo de R$ 45 por ação

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Os acionistas controladores do grupo Telemar admitiram, ontem à noite, o fracasso do leilão de recompra de ações preferenciais da holding Tele Norte Leste Participações (dona das empresas de telefonia Oi) que está agendado para hoje, na Bovespa. Os investidores estrangeiros, que concentram cerca de 50% dos papéis, recusaram a oferta de R$ 45 por ação, feita pelos controladores, segundo os próprios controladores.
O leilão na Bovespa será realizado, a partir das 13h15, conforme previsto, mas desde o início da tarde de ontem os acionistas controladores da companhia consideram que o objetivo do leilão, que é a compra de pelo menos dois terços das ações preferencias da Tele Norte Leste, não será atingido.
Pelas regras do leilão, os acionistas têm até as 12h de hoje para comunicar à Bovespa se aceitam a oferta de venda de suas ações para os controladores, ao preço fixo de R$ 45 por ação.
Se pelo menos dois terços aderirem, o leilão será bem-sucedido, e os controladores comprarão as ações de quem aceitar a oferta. Se esse patamar não for atingido, o leilão fracassa, e tudo volta à estaca zero.
Ocorre que o prazo para a manifestação dos detentores de ADRs -(American Depositary Receipts), que são os recibos de ações da Telemar negociadas na Bolsa de Nova York- terminou no início da tarde de ontem, e a adesão foi baixa.
Foi isso que levou os acionistas controladores a admitirem antecipadamente o fracasso do leilão e que também teria provocado a queda na cotação das ações da empresa na Bovespa. As ações da Telemar caíram 3,6% e chegaram ao final do pregão negociadas a R$ 40.
Segundo um executivo que participa do processo, para que o leilão tivesse sucesso, seria preciso a adesão de detentores de pelo menos 90 milhões de ADRs -apenas 40 milhões foram receptivos.

Tentativas
A se confirmar a projeção, será a segunda derrota consecutiva sofrida pelos acionistas controladores do grupo Telemar, que tentam, desde o ano passado, fazer uma reestruturação societária na companhia.
Em dezembro último, eles propuseram converter as ações preferenciais, sem direito a voto, em ações ordinárias, com direito a voto, na proporção de 2,6 para 1. Foram derrotados, em assembléia de acionistas, pelos investidores estrangeiros.
Na ocasião, o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, disse que os acionistas controladores (BNDES, AG Telecom, La Fonte, GP Investimentos, fundos de pensão e seguradoras) não fariam outra proposta de reforma societária, porque consideravam ter feito a melhor oferta possível.
Ontem, diante do iminente fracasso do leilão, os acionistas divergiam entre si sobre a possibilidade de um novo plano. Enquanto um garantia que não haverá novas investidas, outro deixava a possibilidade em aberto.
O leilão de recompra das ações foi adiado várias vezes devido à crise de liquidez do mercado financeiro internacional, provocada pelos riscos de perdas no mercado imobiliário norte-americano.
Os controladores negociaram um financiamento de até R$ 12,7 bilhões com um pool de bancos, que incluía, entre outros, o J.P. Morgan, Citibank e Banco do Brasil, e o BNDES, que é acionista da Telemar, garantiu o pagamento de até R$ 1,2 bilhão. Se o leilão fracassar, conforme admitem os controladores, a razão para o empréstimo deixa de existir.


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