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TCU quer corte em preço de luz do Madeira
Tribunal recomenda reduzir tarifa máxima em 13% ao considerar superestimados valores para obras
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O TCU (Tribunal de Contas
da União) recomendou ontem
a redução de cerca de 13% no
preço da energia elétrica a ser
produzida na hidrelétrica de
Santo Antônio, no rio Madeira,
em Rondônia, um dos principais negócios do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O lançamento do edital pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) está
previsto para a quarta, com a
definição do preço máximo da
tarifa a ser cobrada pelo futuro
concessionário do serviço.
Relatório do tribunal apontou "inconsistências" e "impropriedades" nos cálculos do governo para fixar o preço máximo da tarifa -o valor é sigilo
até a divulgação do edital. Esse
é o principal parâmetro na disputa do negócio: ganha o leilão
o menor preço para a energia.
Os auditores do TCU analisaram o preço proposto pela EPE
(Empresa de Pesquisa Energética) e apontaram valores superestimados em obras civis,
compra de equipamentos eletrônicos e projetos ambientais
na área da hidrelétrica, além de
problemas na metodologia de
cálculo do custo de financiamento dos investimentos.
As divergências apontadas
pelo tribunal foram estimadas
em R$ 15,4 bilhões ao longo dos
30 anos de concessão da usina.
"Observou-se que a correção
das impropriedades encontradas pelas unidades técnicas
deste tribunal, potencialmente,
poderá implicar uma redução
de aproximadamente 13% no
valor do preço teto calculado
pela EPE para a energia elétrica
a ser gerada", diz o relatório do
ministro Benjamin Zimler,
aprovado por unanimidade.
Diferentemente do que propunham os técnicos do tribunal, Zimler não condicionou a
publicação do edital à correção
dos cálculos da tarifa. "Inexistem, até o momento, atos eivados de ilegalidade", disse, ao recomendar -não determinar-
revisão do cálculo à Aneel.
Até o fechamento desta edição, a agência não disse se acatará ou não a recomendação do
TCU. O presidente da Aneel,
Jerson Kelmann, ainda analisava a decisão do tribunal.
O teto da tarifa da usina de
Santo Antônio proposto pela
EPE já levava em conta um custo da construção da hidrelétrica 25% inferior ao feito pelo
consórcio Furnas-Odebrecht,
responsável pelos estudos de
viabilidade econômica e ambiental do empreendimento. A
EPE levou em conta que a usina
pode ser construída por R$ 9,5
bilhões e o consórcio, que também disputará o leilão, estimou
o custo em R$ 13,5 bilhões.
No processo de análise feito
pelo tribunal, a EPE contestou
ajuste no cálculo. "O preço do
teto do leilão não deve corresponder àquele cenário mais favorável, onde as incertezas são
mitigadas e os custos estimados reduzidos ao mínimo, situação que pode acarretar um
leilão vazio", disse a empresa.
Procurado ontem pela Folha, o
presidente Maurício Tolmasquim não havia se manifestado
até o fechamento desta edição.
As condições de competição
do leilão de Santo Antônio ainda dependem de regras em
análise pelo Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica). O órgão analisa a suspensão dos acordos de exclusividade feitos pela construtora
Norberto Odebrecht.
(MARTA SALOMON)
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