São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2007

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Brasil segue entre os países com menor competitividade

Entre os fatores negativos para o ambiente de negócios no país, estão a alta carga tributária e custo do crédito, aponta pesquisa

Brasil continua no 38º lugar em ranking de competitividade que reúne 43 países responsáveis por cerca de 95% do PIB mundial

VERIDIANA SEDEH
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Brasil é um dos países menos competitivos do mundo, segundo pesquisa da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Entre os fatores negativos para o ambiente de negócios no país, está a alta carga tributária, além dos juros e do "spread" bancário (diferença entre juros captados e repassados ao consumidor), que, embora tenham caído, estão entre os maiores do mundo.
Pelo Índice Fiesp de Competitividade das Nações 2007 (IC-Fiesp), divulgado ontem, o Brasil manteve o 38º lugar, entre os 43 países que respondem por cerca de 95% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial. A classificação foi feita com base em dados de 2005 e leva em consideração fatores como infra-estrutura, comércio exterior, produtividade, nível de investimentos e taxa de juros.
"Quando a gente fala em competitividade, temos que olhar com quem que a gente está competindo. É como numa corrida de automóvel, às vezes, eu estou correndo numa velocidade grande, mas os outros estão correndo mais do que eu. É isso que está acontecendo com a competitividade mundial. Nós estamos avançando, mas outros avançam numa velocidade muito maior que a nossa", define José Ricardo Roriz Coelho, diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp.
De acordo com a instituição, contribuíram para melhorias no país o comércio exterior e investimentos em tecnologia.
Numa escala de 0 a 100, na qual quanto mais alto é o valor, melhor é o grau de competitividade, o Brasil teve a nota 17,4, o que o coloca entre o grupo de países de baixa competitividade, formado por Venezuela (26,7), México (23,2), Turquia (16,8), Indonésia (na última posição, com 4,8), entre outros. A nota média dos países foi 50,0.
Em primeiro lugar no ranking, estão os Estados Unidos (93,9), seguidos por Suécia (76,8) e Japão (76,3).
Entre os Brics -grupo de países formado por Brasil, Rússia, Índia e China-, o Brasil só ganha da Índia, que fica na penúltima posição, com 14,8. Na América Latina, fica à frente apenas da Colômbia (15,0).
O país de Hugo Chávez, por exemplo, possui taxas de juros e "spread" menores que as taxas brasileiras, maior escolaridade (6,6 anos para 5 do Brasil) e investiu 19% do PIB em 2005, enquanto o investimento brasileiro foi de 16,3%.
Segundo Coelho, os juros altos inibem o crédito e o investimento no país. "Dinheiro é um bem muito caro no Brasil." O diretor diz que, para ter expansão de 5% ao ano, seria necessário investir 25% do PIB.
A projeção da Fiesp é que as notas do Brasil em 2006 e 2007 sejam maiores, mas a posição no ranking seguirá inalterada. Para melhorar a competitividade, a instituição recomenda medidas como a redução do gasto público, reformas tributárias e da Previdência e a modernização da infra-estrutura.


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